Forças policiais passaram pano para atos terroristas de bolsonaristas em Brasília; ninguém foi preso

É preciso prender os responsáveis e agir firmemente para a efetiva punição de todos na forma da lei, cobra em nota a OAB

A pretexto de manifestarem-se contra a prisão de indígena golpista, bolsonaristas desencadearam ondas de terror na noite de segunda-feira, 12 de dezembro, em Brasília, incediando veículos e tentando invadir a sede da Polícia Federal.

O que chocou o Brasil não foram as imagens com as bolas de fogo, mas a complacência das forças policiais com os extremistas que buscam um motivo para atentar contra o Estado Democrático de Direito.

As forças policiais passaram pano para atos terroristas de bolsonaristas, registraram atônitos – na noite de segunda-feira – os principais articulistas nos telejornais do país.

O  Corpo de Bombeiros estima que ao menos oito carros e cinco ônibus foram queimados durante os atos terroristas no Distrito Federal, que, simbolicamente, ocorreram no mesmo dia em que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Apesar dos estragos materiais e as impressionantes imagens, ninguém – absolutamente niguém – foi preso pela noite de terror e de vandalismo.

Economia

“Ninguém preso. Nenhuma repressão por parte da PM. Terroristas criminosos andando soltos pelo centro de Brasília depois de incendiar ônibus e carros. O secretário jantando no Dom Francisco. O governador não sei aonde. Grave, muito grave! Essas condutas precisam ser apuradas”, registrou o deputado distrital Leandro Grass (PV).

A pergunta que fica é: se fossem manifestações de professores, estudantes, trabalhadores sem terra, dentre outros movimentos de defesa e de reivindicações, a polícia também teria passado um pano desse tamanho?

O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, avisou que ‘todos serão responsabilizados’ na forma da lei.

“Inaceitáveis a depredação e a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal em Brasília. Ordens judiciais devem ser cumpridas pela Polícia Federal. Os que se considerarem prejudicados devem oferecer os recursos cabíveis, jamais praticar violência política”, declarou Flávio Dino.

Em seu discurso na diplomação, o ministro Alexandre de Moraes, também deixou claro que pugnará pela integral responsabilização de todos aqueles que pretendem subverter a ordem política, criando um regime de exceção.

“…  o discurso de ódio proferidos por diversos grupos organizados que, já identificados, garanto serão integralmente responsabilizados”, prometeu o presidente do TSE.

Repercussão nos meios políticos

Nas redes sociais, os rechaços foram unânimimes aos atos antidemocráticos em Brasília.

“Ontem à noite, nas redes sociais bolsonaristas, os acampados ao lado do QG do Exército foram avisados de que os portões do Palácio da Alvorada estavam abertos. Rumaram para lá. Michelle mandou alimentá-los. De lá, os terroristas saíram para fazer o que assistimos agora”, escreveu o jornalista Ricardo Noblat, indicando impressões digitais do presidente cessante Jair Bolsonaro (PL).

Ao relatar que o presidente eleito Lula e o vice Alckmin estavam em segurança, protegidos pela PF e PM, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) assegurou que “ninguém sairá impune” desses atos terroristas e golpsitas no DF.

“NÃO é manifestação democrática, NÃO é um ato de pessoas de bem. O que Brasília está presenciando hoje são ações criminosas de quem não aceita a Democracia. Todos devem ser responsabilizados, inclusive a influência de Bolsonaro e sua esposa pelo estímulo aos golpistas!”, escreveu Randolfe no Twitter.

O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que os atos terroristas que ocorrem, em Brasília, mostram a quantidade de criminosos que há disfarçados de patriotas. “Merecem ser combatidos com rigor e responder na justiça pelos crimes praticados.”

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou como “Absurdos” os atos de vandalismo registrados em Brasília, feitos por uma minoria raivosa. “A depredação de bens públicos e privados, assim como o bloqueio de vias, só servem para acirrar o cenário de intolerância que impregnou parte da campanha eleitoral que se encerrou.” O congressista ainda disse que as forças públicas de segurança devem agir para reprimir a violência injustificada com intuito de restabelecer a ordem e a tranquilidade de que todos nós precisamos para levar o país adiante.

OAB divulga nota de repúdio contra atos de vandalismo em Brasília

O Conselho Federal e a Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF) repudiam, veementemente, os atos de vandalismo, de depredação de carros e de ônibus, a tentativa de invasão de prédio público da Polícia Federal, de shopping center e a ameaça à segurança dos cidadãos na zona central da capital da República.

É preciso prender os responsáveis e agir firmemente para a efetiva punição de todos na forma da lei.

Tais atos atentam contra a democracia e representam inaceitável escalada de violência. Nada, absolutamente nada, justifica o cenário de guerra que se está a ver.

Assim, o Conselho Federal e a OAB/DF colocam-se à disposição da sociedade e cobram das autoridades competentes medidas enérgicas, manifestando-se nesta nota e prestando solidariedade às vítimas dessas agressões!

José Alberto Simonetti
Presidente do Conselho Federal da OAB

Delio Lins e Silva Júnior
Presidente da OAB/DF