Com a rara exceção do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), alguns governadores querem herdar o “ativo” bolsonarista, enquanto eles querem manter distância prudencial do ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro (PL).
Dois assuntos polêmicos se apresentam como divisores dessa água: a votação na reforma tributária e a decisão do governo Lula de descontinuar as escolas cívico-militar.
Na questão da reforma tributária, o bolsonarismo se dividiu entre apoiar a proposta de Lula e se opor à medida do adversário na Câmara dos Deputados.
Ao menos 20 deputados do Partido Liberal (PL), legenda de Bolsonaro, votaram com o atual governo petista – o que aumentou a tensão na extrema direita.
O caso do governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), chamou mais a atenção porque o mandatário estadual foi a uma reunião do PL, na véspera da votação, defender a aprovação da reforma tributária.
Tarcísio saiu vaiado e os parlamentares que o seguiram, votando favorável à medida, também foram alvos dos haters bolsonaristas.
Note que Caiado foi o único governador do espectro da direita a se pronunciar contrário à reforma tributária aprovado pela Câmara, e, concomitantemente, anunciar que vai trabalhar para modificar o texto no Senado.
Na semana passada, depois de o governo Lula anunciar o fim de escolas cívico-militares, por insuficiência pedagógica, governadores correram para puxar o saco de bolsonaristas jurando que manteriam essa militarização às expensas do erário estadual.
Dentre os governadores que deram uma piscadela para os bolsonaristas – sempre sem Bolsonaro – foram o próprio Tarcísio, Ratinho Junior (PSDB-PR), Romeu Zema (Novo-MG) e Eduardo Leite (PSDB-RS), dentre outros menos lembrados no cenário nacional.
Eles querem a influência do ex-presidente, mas têm vergonha de caminhar de mãos dadas em público com Bolsonaro.
Evidentemente, novamente, Ronaldo Caiado também surge aqui reafirmando a manutenção da militarização nas escolas goianas.
Não é à toa que Jair Bolsonaro foi recebido no fim de semana com tapete vermelho em Goiás, indicando que o ex-presidente inelegível pode escolher Ronaldo Caiado, 72 anos, sua imagem e semelhança para concorrer à Presidência da República em 2026.
Bolsonaro foi recepcionado em um condomínio de luxo na região leste da capital, Goiânia, Alphaville Flamboyant, com direito à torcida organizada. Sob os gritos de “mito”, puxados por uma ensandecida multidão, Bolsonaro não titubeou em afirmar que é “ex mais amado do Brasil”.
Portanto, Caiado parece ter sido ungido pelo “ex mais amado do Brasil” enquanto Tarcísio, Ratinho, Zema e Leite podem já dizer adeus à esperança do apoio de Bolsonaro para que herdem o bolsonarismo orgânico – movimento de extrema direita visando as eleições de 2026.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Como já disse, bolsonaristas e uma ameba, fazendo teste de QI, a ameba ganha.