Pesquisa revela insatisfação de produtores rurais com “fornecimento” de energia no Paraná

Apagões recorrentes trazem prejuízos ao setor produtivo paranaense após a privatização da Copel

Uma pesquisa recente encomendada pelo Sistema FAEP/SENAR-PR e realizada pelo instituto Paraná Pesquisas trouxe à tona preocupações significativas sobre a interrupção do fornecimento de energia elétrica no estado do Paraná. O estudo, conduzido entre 26 de fevereiro e 14 de março deste ano, entrevistou 514 produtores rurais em diversas regiões paranaenses, revelando uma insatisfação generalizada com os serviços prestados pela Copel, a principal distribuidora de energia na região.

Os resultados da pesquisa são contundentes: 85% dos produtores rurais entrevistados expressaram insatisfação com a estabilidade no fornecimento de energia elétrica. Esse descontentamento reflete-se em diversos aspectos, desde a falta constante de energia até a demora na resolução de problemas e as oscilações frequentes na rede.

Um dos principais pontos de preocupação é a falta constante de energia elétrica, relatada por 44% dos entrevistados como o principal motivo de insatisfação. Além disso, a pesquisa aponta que 38,7% dos produtores enfrentaram mais de 20 casos de queda de luz nos últimos 12 meses, enquanto 19,1% vivenciaram entre 10 e 20 episódios de falta de energia. Essas interrupções frequentes não apenas causam transtornos operacionais, mas também resultam em prejuízos significativos para os produtores, com 41,6% relatando equipamentos danificados e 27,2% perdendo produção devido às quedas de energia.

A pesquisa revela que o problema não é uniforme em todo o estado, com algumas regiões enfrentando desafios ainda maiores. No Oeste do Paraná, por exemplo, onde se concentra a produção de peixes de cultivo, aves e suínos, 38,4% dos produtores se declararam muito insatisfeitos com os serviços da Copel. Situação semelhante é observada no Sudoeste e Sudeste do estado, onde atividades como a avicultura e bovinocultura de leite também são prejudicadas pela instabilidade no fornecimento de energia.

Além dos prejuízos financeiros diretos, as quedas de energia têm impacto direto na produtividade e na qualidade de vida dos produtores rurais. Casos como o da Granja São Miguel Arcanjo, em Toledo, exemplificam os desafios enfrentados diariamente pelos agricultores e pecuaristas, que precisam recorrer a geradores para garantir a continuidade das operações.

Economia

Diante desse cenário, organizações como o Sistema FAEP/SENAR-PR têm pressionado as autoridades e a própria Copel para que providências sejam tomadas no sentido de melhorar a qualidade do fornecimento de energia elétrica no estado. Ofícios enviados à companhia e ao governo estadual destacam a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura para garantir a estabilidade e a segurança no fornecimento de energia.

A pesquisa recente não apenas evidencia os problemas enfrentados pelos produtores rurais no Paraná, mas também lança luz sobre os problemas que o estado enfrentará no futuro. Com a demanda por energia elétrica crescendo, especialmente em setores como a avicultura, piscicultura e pecuária leiteira, é fundamental que medidas sejam adotadas para garantir um fornecimento confiável e eficiente de energia, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável e a prosperidade de todas as regiões do estado.

Audiência pública na ALEP contabiliza prejuízos com apagões

Este é Ágide Eduardo Meneguette, vice-presidente da FAEP, entusiasta da transição energética.
Este é Ágide Eduardo Meneguette, vice-presidente da FAEP, entusiasta da transição energética.

As recentes interrupções no fornecimento de energia elétrica no estado do Paraná têm gerado preocupações significativas entre as entidades produtivas e a população em geral. O governo do Paraná, por um lado, celebra o sucesso da privatização da Copel, mas, por outro, enfrenta críticas contundentes e cálculos alarmantes de prejuízos que chegam a cifras estratosféricas.

Diversas entidades representativas do setor produtivo, incluindo a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (FETAEP), o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (SENGE) e outras, estimam os prejuízos decorrentes dos apagões e interrupções no fornecimento de energia que podem ultrapassar o valor arrecadado com a privatização há seis meses.

Uma audiência pública realizada no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), no dia 18 de março, reuniu representantes dessas entidades, bem como parlamentares e autoridades, para discutir as frequentes interrupções no fornecimento de energia pela Copel. O evento refletiu uma preocupação transversal da sociedade paranaense, transcendo barreiras partidárias e ideológicas.

O deputado Arilson Chiorato, do Partido dos Trabalhadores (PT), destacou que a privatização da Copel trouxe consigo uma série de prejuízos para os produtores do campo e da cidade, superando em muito os ganhos arrecadados pela empresa na Bolsa de Valores. Segundo ele, uma análise minuciosa é necessária para quantificar os danos causados ao setor produtivo, que abrange mais de 387 municípios no estado. A deputada Luciana Rafagnin, também do PT, que presidiu a audiência pública, ressaltou a importância do evento para evidenciar os diversos segmentos sociais impactados pelos apagões, corroborando a necessidade de uma ação efetiva para resolver a questão. Ela criticou a ausência da direção da Copel na reunião com as vítimas dos apagões.

O encontro contou com a presença de diversos representantes do Legislativo, além de autoridades e especialistas no setor energético. Entre eles estavam os deputados Arilson Chiorato, Luciana Rafagnin e Anibelli Neto, proponentes da audiência, juntamente com Tadeu Veneri, Luís Corti e Professor Lemos. Também marcaram presença Olympio de Sá Sotto Marior Neto, do Ministério Público do Paraná, Carlos André Fiuza, especialista em energia da FIEP, Claudinei de Carli, diretor da Fetaep, Elizanddro Paulo Krajczyk, coordenador-geral da FETRAF-PR, Luiz Eliezer Ferreira, técnico da FAEP, e Leandro Grassmann, presidente do SENGE.

A Copel, Companhia Paranaense de Energia, foi privatizada em agosto de 2023, em uma transação avaliada em R$ 4,53 bilhões. Essa operação representou a terceira maior oferta do setor elétrico mundial naquele ano. A privatização resultou na redução significativa da participação do governo do Paraná, que detinha anteriormente 70% das ações, passando a deter apenas 15% após o processo.

Embora a privatização tenha sido apresentada como uma medida para promover eficiência e competitividade no setor, os apagões recentes evidenciam escuridão significativos, tanto em termos econômicos quanto operacionais. As quedas frequentes e as interrupções no fornecimento de energia afetam não apenas os consumidores finais, mas também prejudicam a atividade econômica em diversas áreas, incluindo agricultura, indústria e serviços.

Diante dos cálculos alarmantes de prejuízos e da ampla repercussão social dos apagões, torna-se imperativo que as autoridades e as entidades envolvidas adotem medidas efetivas para solucionar essa questão. A garantia de um fornecimento de energia elétrica estável e confiável é fundamental para o desenvolvimento econômico e social do estado do Paraná, exigindo um esforço conjunto de todos os atores envolvidos. A audiência pública decidiu buscar apoio da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e estimar os prejuízos causados com o intuito de responsabilizar a empresa privatizada.

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