Apagões da Copel já deram prejuízos superiores ao arrecadado com privatização, calculam entidades produtivas do PR

As recentes interrupções no fornecimento de energia elétrica no estado do Paraná têm gerado preocupações significativas entre as entidades produtivas e a população em geral. O governo do Paraná, por um lado, celebra o sucesso da privatização da Copel, mas, por outro, enfrenta críticas contundentes e cálculos alarmantes de prejuízos que chegam a cifras estratosféricas.

Diversas entidades representativas do setor produtivo, incluindo a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (FETAEP), o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (SENGE) e outras, estimam os prejuízos decorrentes dos apagões e interrupções no fornecimento de energia que podem ultrapassar o valor arrecadado com privatização há seis meses.

Nesta segunda-feira (18/3), uma audiência pública realizada no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná reuniu representantes dessas entidades, bem como parlamentares e autoridades, para discutir as frequentes interrupções no fornecimento de energia pela Copel. O evento refletiu uma preocupação transversal da sociedade paranaense, transcendo barreiras partidárias e ideológicas.

O deputado Arilson Chiorato, do Partido dos Trabalhadores (PT), destacou que a privatização da Copel trouxe consigo uma série de prejuízos para os produtores do campo e da cidade, superando em muito os ganhos arrecadados pela empresa na Bolsa de Valores. Segundo ele, uma análise minuciosa é necessária para quantificar os danos causados ao setor produtivo, que abrange mais de 387 municípios no estado.

Sim, de 399 cidades paranaenses, os apagões ocorreram em 387.

A deputada Luciana Rafagnin, também do PT, que presidiu a audiência pública, ressaltou a importância do evento para evidenciar os diversos segmentos sociais impactados pelos apagões, corroborando a necessidade de uma ação efetiva para resolver a questão. Ela criticou a ausência da direção da Copel na reunião com as vítimas dos apagões.

Economia

O encontro contou com a presença de diversos representantes do Legislativo, além de autoridades e especialistas no setor energético. Entre eles estavam os deputados Arilson Chiorato, Luciana Rafagnin e Anibelli Neto, proponentes da audiência, juntamente com Tadeu Veneri, Luís Corti e Professor Lemos. Também marcaram presença Olympio de Sá Sotto Marior Neto, do Ministério Público do Paraná, Carlos André Fiuza, especialista em energia da FIEP, Claudinei de Carli, diretor da Fetaep, Elizanddro Paulo Krajczyk, coordenador-geral da FETRAF-PR, Luiz Eliezer Ferreira, técnico da FAEP, e Leandro Grassmann, presidente do SENGE.

Aqui você assiste às avaliações/resumo dos líderes da audiência pública (5 minutos e 26 segundos):

A Copel, Companhia Paranaense de Energia, foi privatizada em agosto de 2023, em uma transação avaliada em R$ 4,53 bilhões. Essa operação representou a terceira maior oferta do setor elétrico mundial naquele ano. A privatização resultou na redução significativa da participação do governo do Paraná, que detinha anteriormente 70% das ações, passando a deter apenas 15% após o processo.

Embora a privatização tenha sido apresentada como uma medida para promover eficiência e competitividade no setor, os eventos recentes evidenciam desafios significativos, tanto em termos econômicos quanto operacionais. Os apagões frequentes e as interrupções no fornecimento de energia afetam não apenas os consumidores finais, mas também prejudicam a atividade econômica em diversas áreas, incluindo agricultura, indústria e serviços.

Diante dos cálculos alarmantes de prejuízos e da ampla repercussão social dos apagões, torna-se imperativo que as autoridades e as entidades envolvidas adotem medidas efetivas para solucionar essa questão. A garantia de um fornecimento de energia elétrica estável e confiável é fundamental para o desenvolvimento econômico e social do estado do Paraná, exigindo um esforço conjunto de todos os atores envolvidos.

Por fim, a audiência pública decidiu buscar apoio da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e estimar os prejuízos causados com o intuito de responsabilizar a empresa privatizada.

Aqui está a íntegra da audiência pública:

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