O peixe começa apodrecer pela cabeça: PT-PR lança dura nota contra governo federal

Abaixo, leia a íntegra da nota da bancada estadual do PT-PR com duras críticas a integrantes do governo federal e do próprio Partido dos Trabalhadores

Os comunistas clássicos muitas vezes usavam essa metáfora do peixe para justificar a necessidade de uma disciplina verticalizada na estrutura partidária. A ideia por trás dessa metáfora é que, assim como um peixe começa a apodrecer pela cabeça, uma organização também pode falhar se não houver uma liderança forte e centralizada.

A falsa alegação dos operadores do Palácio do Planalto de que essa frouxidão ideológica e, consequentemente, o apodrecimento do cabeça, é o preço que a frente ampla cobra pela eleição do presidente da República, pode levar ao rápido apodrecimento de todo o peixe, isto é, do governo inteiro e de seus aliados.

Para os comunistas clássicos, a disciplina verticalizada era vista como uma forma de garantir a coesão e a unidade do partido, bem como de garantir que todas as ações do partido estivessem alinhadas com sua ideologia e seus objetivos políticos. Eles argumentavam que, sem essa disciplina, o partido poderia se fragmentar e se tornar incapaz de agir efetivamente em prol da revolução.

No caso do governo Lula, que não é revolucionário, a ausência de disciplina verticalizada está proporcionando uma barafunda política nos estados. Senão vejamos o que acontece no Paraná, terra das contradições mais afloradas do país, onde se digladiam direita, extrema direita, e esquerda.

Enquanto os aliados que fizeram campanha e ajudaram eleger Lula presidente, no estado, eis que os adversários estão indicando os principais cargos-chave no governo federal; são aqueles que professam o bolsonarismo que continuam ditando regras de privatização, a exemplo da Copel, e o preço do pedágio nas estradas, a despeito de o presidente prometer algo totalmente diferente durante a campanha.

Também chama a atenção que líderes de partidos de esquerda, a exemplo do PT e PSB, nos estados, flertem e caminhem ao lado de adversários históricos que ainda estão agarrados às pautas neoliberais e bolsonaristas de privatizações e concessões duvidosas.

Economia

As visitas de ministros e autoridades federais ao Paraná passam ao largo dos aliados de primeira hora na campanha, do PT local, o que até motivou uma carta interna criticando a postura do governo federal. Os deputados petistas paranaenses, na missiva, se dizem surpresos e indignados com uma “agenda secreta” havia entre a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu, e o governador Ratinho Junior (PSD) – adversário do PT.

Recentemente, na tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná, o líder da oposição Requião Filho (PT) fez uma indigesta pergunta: de que adiantam os ministros Alexandre Padilha e Rui Costa, se não comunicam o partido e aliados na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a visitas e agendas de ministros no estado do Paraná.

Se descontentamento de Requião Filho parece apenas a ponta do iceberg, isto é, de um problema muito maior: a nau governista está à deriva, pois enquanto Lula faz um discurso “prafrentex”, os ministros fazem encaminhamentos no sentido oposto. Vide o caso da privatização da Copel e o pedágio no Paraná, cujo roteiro em outros estados podem ser os mesmos trocando as personagens.

Essa mesma premissa, do discurso descolado da realidade, também é vista para as grandes questões nacionais envolvendo Petrobras, Banco Central, taxa de juros, Eletrobras, privatizações de Cemig, Celesc, etc.

Carta Interna dos parlamentaros do PT-PR

Foi com surpresa que nós, parlamentares da bancada do Partido dos Trabalhadores no Paraná, recebemos a notícia, sem aviso prévio, da vinda da ministra da Saúde, Nísia Trindade, ao Paraná. Nem todos os parlamentares foram informados sobre a visita ou receberam um convite para acompanhar as agendas da ministra na cidade de Curitiba.

Também, com indignação, tivemos conhecimento pela imprensa da agenda ocorrida na manhã de segunda-feira (17), no Palácio do Iguaçu, entre a ministra, o governador Ratinho Júnior (PSD), e o deputado federal e líder da bancada do PT na Câmara, Zeca Dirceu.

O encontro com o governador ocorreu sem consultar, avisar ou convidar os deputados e deputadas do partido e sua direção. Uma atitude equivocada e desrespeitosa com a Oposição no Estado.

A bancada do PT no Paraná procura sempre a união e o crescimento. Atitudes como essa não contribuem no fortalecimento do nosso partido, pelo contrário, enfraquecem a nossa luta.

Não concordamos que o líder do PT na Câmara acompanhe a ministra em todo o trajeto de Brasília ao Paraná e não dialogue com a bancada que integra no Estado sobre as atividades previstas.

É de extrema importância que quem está no dia a dia do partido, quem ajuda a construir o PT no Paraná, e quem faz oposição ao Governo do Estado – que não respeita, nunca respeitou e sempre ataca a posição do nosso partido – tenha conhecimento e integre as agendas do Governo Federal no Paraná.

Só assim vamos construir um governo de união e reconstrução que tanto defendemos. O PT é um partido do povo e nós parlamentares, como representantes dos paranaenses, precisamos levar a voz do povo a todo e qualquer diálogo com o Governo do Estado e as administrações municipais.

Assinam esta carta:

  • Ana Júlia Ribeiro, deputada estadual (PT-PR)
  • Arilson Chiorato, deputado estadual (PT-PR)
  • Dr. Antenor, deputado estadual (PT-PR)
  • Luciana Rafagnin, deputada estadual (PT-PR)
  • Professor Lemos, deputado estadual (PT-PR)
  • Requião Filho, deputado estadual (PT-PR)
  • Renato Freitas, deputado estadual (PT-PR).

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