CPMI sobre golpe de 8 de janeiro revela fragilidade da articulação política do governo Lula

Em meio a uma articulação política sofrível do Palácio do Planalto, que deixa o governo do presidente Lula vulnerável, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas do dia 8 de janeiro é vista como uma distração para a opinião pública, enquanto bancos e especuladores continuam a saquear o orçamento da União com juros extorsivos. O placar atual é de 2 a 0 para os adversários, haja vista que semana passada o time governista já havia levado um gol pelas costas ao deixar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criar um superbloco parlamentar com partidos que reúnem 175 deputados.

A CPMI deve ser instalada no próximo dia 26, após uma mudança de posição dos parlamentares da base do governo, que estavam atuando contra a sua criação. A revelação de que o General Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI, esteve no Palácio do Planalto e teria confraternizado com os vândalos durante os protestos de 8 de janeiro, foi o fator que mudou a postura dos parlamentares governistas.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que o governo federal deveria ter apoiado a criação da CPMI desde o início e que é legítimo o parlamento fazer as investigações. Em Londres, após fazer uma palestra para empresários do Lide Brazil Conference, Pacheco disse: “O governo devia ter tido essa postura (de defender a CPMI) desde o início. Eu disse desde o início que era legítimo o parlamento fazer as investigações. O governo se colocou contra em um primeiro momento”.

Enquanto isso, bancos e especuladores continuam a saquear o orçamento da União com juros extorsivos, em meio a uma articulação política sofrível do Palácio do Planalto que deixa o governo do presidente Lula vulnerável. A CPMI dos atos golpistas do dia 8 de janeiro é vista como uma distração para a opinião pública e um osso para os pitbulls bolsonaristas ficarem roendo.

Embora a situação política do governo Lula pareça complicada, com a CPMI do 8 de janeiro em andamento e o placar de 2 a 0 para os adversários, é possível sim sair dessa entaladela. Como o Blog do Esmael mencionou várias vezes, uma das estratégias seria retomar a iniciativa com a pauta da campanha de 2022, que foi vencedora nas urnas.

Uma das medidas que poderiam ser tomadas é a revisão da política de preços da Petrobras, que tem sido duramente criticada por aumentar os preços dos combustíveis e do gás de cozinha, prejudicando principalmente a população mais pobre. Além disso, a retomada da Eletrobras e do Banco Central, a redução dos juros, o fim das privatizações e concessões duvidosas e outras medidas para retomar o desenvolvimento econômico, o pleno emprego e a recuperação do poder de compra dos salários dos trabalhadores são essenciais.

Economia

Outra estratégia importante seria reforçar a articulação política do Palácio do Planalto, a fim de garantir mais apoio no Congresso e evitar novas derrotas como a criação do superbloco parlamentar liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. O governo também deve buscar uma comunicação mais eficiente e clara com a população, a fim de desfazer boatos e teorias da conspiração que podem prejudicar sua imagem e credibilidade.

Para sair dessa entaladela, o governo Lula precisa retomar a iniciativa com medidas concretas para melhorar a vida da população e fortalecer sua base política. Além disso, é importante que o governo esteja mais atento às estratégias dos adversários e busque uma comunicação mais eficiente com a população. Com perseverança e determinação, é possível superar os desafios e avançar rumo a um país mais justo e próspero – como aquele proposto na campanha eleitoral.

É importante reconhecer que a frente ampla foi uma estratégia política bem-sucedida na eleição de Lula, mas isso não justifica as derrotas estratégicas recentes do governo. A falta de habilidade política e de iniciativa do governo tem sido evidentes, assim como a ausência de um projeto de governo claro e definido. Além disso, a influência da mídia corporativa na política brasileira é um problema crônico que não pode ser ignorado, mas o governo também tem sua parcela de responsabilidade nesse aspecto, ao não conseguir se comunicar de forma eficaz com a população e permitir que a narrativa seja moldada por interesses contrários ao projeto de governo. O desafio agora é reconhecer essas falhas e buscar corrigi-las para garantir que o governo tenha êxito em suas políticas e projetos para o bem do país e de seu povo.

Portanto, há uma falsa alegação dos operadores do apoio a Lula de que isso – as derrotas estratégicas – é o preço da frente ampla que elegeu o presidente da República. Não é verdade. O nome correto para essas fragorosas derrotas é inabilidade e falta de inciativa política, ausência de projeto de governo, que fica à deriva das especulações da velha mídia corporativa. Enfim, além da política, é preciso desbolsonarizar a economia – se governo Lula quiser driblar a crise que vem aí.

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