Prender ou não prender Donald Trump e Jair Bolsonaro?
Não faltam motivos para prender o ex-presidente Jair Bolsonaro, os mais vistosos deles são o desvio de joias e armas de fogo de países árabes, enquanto seu dileto amigo Donald Trump, nos Estados Unidos, também enfrenta investigação de financiamentos obscuros para a Trump Media, empresa que controla sua nova rede social Truth Social.
Promotores federais americanos começaram a examinar dois empréstimos no total de US$ 8 milhões transferidos para a Trump Media, por meio de paraíso fiscal no Caribe, por duas entidades obscuras que, segundo eles, parecem ser parcialmente controladas por um aliado do presidente russo, Vladimir Putin.
O jornal New York Times traz na edição de hoje um artigo de opinião defendendo que Trump seja legalmente processado, no entanto, o jornal americano tem dúvidas sobre qual bronca ele deve responder. A publicação enumera os problemas jurídicos do ex-presidente: pagamentos secretos à estrela pornô Stormy Daniels; tentativa de golpe de Estado com a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. “A acusação não é o problema; o próprio Trump é”, diz o artigo.
O roteiro de Jair Bolsonaro no Brasil é muito parecido. Há motivos de sobra para processar e, como alguns defendem, prender o ex-presidente. No entanto, essa decisão é difícil porque tem implicações políticas que podem interferir no resultado das urnas em 2024 e 2026. Teria mais efeito se o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já conseguisse imprimir o ritmo de mudanças desejadas, principalmente na economia.
Uma acusação formal contra Trump e Bolsonaro poderia causar consternação e possivelmente até agitação, avaliam luas-pretas dos dois países. Possivelmente esses estrategistas tenham razão.
O democrata Joe Biden teve de abrir recentemente as burras do tesouro americano para salvar, novamente, os banqueiros que quebraram na crise do Silicon Valley Bank e do Signature. Essa medida é tão impopular nos EUA quanto maltratar um animal de estimação em via pública, o que eleva a popularidade de Trump, do outro lado.
No Brasil, ao menos três pontos distanciam Bolsonaro de uma postura mais rígida em relação às leis: o atual governo precisa baixar as taxas de juros; rever a política de preços da Petrobras e reduzir os combustíveis para os consumidores; e cessar as privatizações e concessões de serviços públicos essenciais – como pedágios e serviços de água e energia.
À medida que o governo Lula dá certo, retoma o crescimento e a geração de empregos, recupera o poder de compra dos trabalhadores, mais a sociedade brasileira reconhecerá que os obscuros tempos de Bolsonaro precisam ser mandados para o lixo da história. Esse movimento deve ser sincronizado, portanto, porque as pessoas costuma comparar como era antes e como é agora.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.