Se Joe Biden fosse presidente do Brasil, com certeza, seu homólogo nos Estados Unidos o acusaria de ser “comunista” e de intervir na economia para salvar bancos privados com recursos públicos, de estatizar o setor financeiro, blá-blá-blá.
Mas a realidade é outra. Biden é presidente dos EUA e ele trouxe à memória dos americanos esta semana a crise financeira de 2008, quando o governo salvou banqueiros cujos resgates afetam a política americana até hoje.
Na época, quando Barack Obama era o presidente, o Programa de Alívio de Ativos Problemáticos (Troubled Asset Relief Program – TARP) custou ao governo dos Estados Unidos cerca de US$ 700 bilhões, aumentou o desemprego, provocou a queda no valor dos imóveis e a queda na confiança do consumidor.
Embora tenham salvado a economia global, os socorros provocaram uma forte reação popular contra a ideia de que os “banqueiros gordos” deveriam ser resgatados pelo governo enquanto os americanos comuns perdiam seus empregos, casas e economias.
A revolta popular fortaleceu políticos como Donald Trump e Bernie Sanders, e ajudou Trump ganhar a presidência em 2016.
Agora, o presidente Joe Biden, que foi vice-presidente durante a crise, enfrenta uma nova crise bancária e está prometendo que “nenhuma perda será suportada pelos contribuintes”, tentando evitar não apenas uma corrida aos bancos, mas uma corrida à sua credibilidade.
Grosso modo, a ajuda aos banqueiros dado por Joe Biden lembra àquela dada pelo então presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, o FHC, por meio do PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), que consumiu R$ 50 bilhões dos cofres públicos em cinco anos. Ou seja, o governo tucano usou o dinheiro da saúde, da educação e das privatizações para também engordar ainda mais os banqueiros gordos.
Moral da história: a crise bancária nos EUA pode trazer de volta Trump em 2024.
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