O PSOL obteve acesso a telegramas exclusivos sobre o comportamento do embaixador do Brasil na França, Luis Fernando Serra, por meio da Lei de Acesso à Informação, e soube que o diplomata boicotou um evento de homenagem a Marielle Franco, assassinada em março de 2018.
De acordo com os documentos enviados pelo diplomata ao Itamaraty, no dia 6 de agosto de 2019, o embaixador em Paris indicou que ocorreria o Congresso da Associação de Brasilianistas na Europa. O evento, segundo o documento, reuniria 540 professores e estudiosos do Brasil residentes no continente europeu.
“Convidado para assistir à cerimônia de encerramento do Congresso, fui informado de que o evento ocorrerá em local cedido pela prefeitura de Paris, com a presença da prefeita Anne Hidalgo (Partido Socialista)”, escreveu.
“Na ocasião, após a palestra final da conferência, deverá ser dada a palavra à prefeita para “prestar homenagem à brasileira Marielle Franco”. “Na ocasião, a prefeita tornará pública a localização de jardim da capital francesa que receberá oficialmente o nome da vereadora brasileira”, explicou.
“Ante o exposto, tomei a iniciativa de cancelar minha participação no referido evento.”.
As mensagens fazem parte de 17 documentos que a chancelaria foi obrigada a fornecer, depois que bancada do PSOL solicitou oficialmente os telegramas internos, instruções e documentos sobre possíveis orientações do Itamaraty a seus postos no exterior sobre o que deve ser dito em relação à morte de Marielle.
As informações sobre publicadas neste sábado (18) pelo jornalista Jamil Chade, colunista do UOL.
Em um dos telegramas internos do Itamaraty, o diplomata Fernando Serra relata que a embaixada do Brasil não foi contatada ou convidada para a cerimônia de inauguração do Jardim Marielle Franco na capital da França. O evento ocorreria no dia 22 de setembro, em Paris.
O embaixador do Brasil na França, segundo o colunista do UOL, já se metera em outras polêmicas acerca da morte de Marielle Franco.
Questionado pela senadora francesa Laurence Cohen, do Partido Comunista e presidente do grupo interparlamentar de amizade França-Brasil, sobre as providências do governo brasileiro para elucidar o crime contra Marielle, o embaixador foi grosseiro na resposta à carta. Disse o diplomata que era com “profunda consternação” que observava “que o assassinato de Celso Daniel e o ataque à vida de Bolsonaro não tiveram o mesmo eco na França que o assassinato de Marielle, que foi até objeto de uma mobilização da Assembleia Nacional”, apontou.
Ou seja, o embaixador do Brasil na França tem o padrão “Ernesto Araújo” de qualidade –o ministro olavista das Relações Exteriores.
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Cresce o temor de operação da PF na força-tarefa Lava Jato; PGR nega
A Procuradoria-Geral da República (PGR) negou nesta sexta-feira (17) que esteja planejando uma operação policial no escritório da advogada Rosângela Moro, a Janja Moro, mulher do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. A PGR afirma que não passa de fake news da revista Veja, que anunciou a preparação de uma suposta busca e apreensão em Curitiba.
Janja Moro foi sócia do advogado Carlos Zucolotto, seu amigo e padrinho de casamento, alvo de delação premiada do ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran.
Os procuradores da força-tarefa veem objetivo político da PGR, que, segundo eles, visa minar a Lava Jato, a candidatura de Sérgio Moro, e beneficiar o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Em nota, o procurador-geral Augusto Aras jurou que “jamais foi cogitada uma vez que não há razão a sustentar a adoção” de uma operação da Polícia Federal na capital paranaense.
A República de Curitiba não se convenceu mesmo com o comunicado do PGR, que negocia com Tacla Duran os termos da delação.
O ex-advogado da Odebrecht, exilado na Espana, sustenta que o advogado Zucolotto, sócio de Janja padrinho dos Moro, pediu dinheiro para vender vantagens com a Lava Jato.
“A Procuradoria-Geral da República (PGR) esclarece que não há pedido para a realização de busca e apreensão no escritório da advocacia da esposa do ex-juiz Sergio Moro, Rosangela Moro. Segundo informa o gabinete do procurador-geral da República, Augusto Aras, tal medida jamais foi cogitada uma vez que não há razão a sustentar a adoção de tal procedimento”, garante a nota da PGR.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.