Mercosul: Os desafios de Lula para liderar a América Latina

Ex-governador do Paraná, Roberto Requião, é cogitado para assumir Ministério do Mercosul

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), empossado há quase um mês, está enfrentando desafios internos no Brasil, pois visa solidificar sua liderança na América Latina e fortalecer sua influência geopolítica global. Ele anunciou o uso do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para financiar projetos no exterior, ferramenta que usou para aumentar sua influência nos países vizinhos em seus dois primeiros mandatos.

Os críticos atacaram essa decisão, incluindo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que a chamou de “fuga de dinheiro para canalhas”. O BNDES respondeu ao filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e aos demais críticos, que não tem demanda ou planos para financiar serviços de infraestrutura no exterior, mas visa alavancar a exportação de bens e produtos.

“O Brasil vai financiar empresas brasileiras para elas voltarem a exportar bens e serviços de engenheria, gerando empregos qualificados para os brasileiros”, explicou a deputada Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT. “É sobre isso a fala do presidente Lula na Argentina. Ou vamos ficar passivos enquanto a China avança no mercado internacional?!”, completou a dirigente petista.

A viagem de Lula à Argentina e ao Uruguai mostrou a prioridade do Mercosul e sinaliza aos vizinhos, apesar da impopularidade, consolidar sua posição como líder.

Apesar de priorizar a democracia no Brasil, Lula sinalizou para os governos de Cuba e da Venezuela e iniciou os trâmites oficiais para reabrir a embaixada brasileira em Caracas. Ele elogiou a economia argentina sob seu aliado, Alberto Fernández, apesar de sua alta taxa de inflação, e anunciou estudos para uma moeda comum.

Economia

Uruguai ameaça se desgarrar do Mercosul

Brasil e Uruguai estão tendo tensões na sua relação devido a diferenças sobre o Mercosul.

O Uruguai quer fazer acordos de livre comércio de modo individual, enquanto o Brasil acredita que isso é egoísta.

O Uruguai quer fazer um acordo com a China, o que preocupa o Brasil, que tem medo de que isso afete sua indústria.

O Uruguai está fazendo um aceno ao mundo para mostrar que não quer depender de economias que estão em crise na região.

O país tem uma economia e política estáveis, com mais de dois terços da população sendo da classe média, e tem um dos maiores PIBs per capita do planeta.

A pandemia ainda não teve seu impacto completamente mensurado e o Uruguai teme que isso possa afetar a sua economia.

Além disso, o presidente Luis Lacalle Pou não pode concorrer à reeleição, o que complica a tarefa de ele fazer um sucessor para evitar que o poder caia de volta nas mãos da Frente Ampla.

Requião pode ser o ministro do Mercosul no governo Lula

Roberto Requião (PT), ex-governador do Paraná e ex-senador da República, pode se tornar o 38º ministro do governo do presidente Lula. Ele está sendo cogitado para o Ministério do Mercosul, que ainda será criado pelo Palácio do Planalto se prevalecer a ideia de Requião para a pasta.

O Mercosul (Mercado Comum do Sul) é uma organização regional intergovernamental fundada a partir do Tratado de Assunção em 26 de março de 1991, inicialmente formada por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, e posteriormente admitiu Venezuela, Chile e Bolívia como membros associados.

Lula indicou que pretende dar importância estratégica aos países latino-americanos, por isso trabalha na perspectiva de um ministério do Mercosul.

Requião tem experiência de três mandatos como governador do Paraná e foi presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Também presidiu o Eurolat (parlamento europeu e latino-americano) e o Parlasul, parlamento dos países do Mercosul.

Enquanto o Ministério do Mercosul permanece apenas uma especulação, Requião segue avaliando criticamente os primeiros dias do governo Lula – a pedido do próprio presidente da República.

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