Líder do governo busca explicações de Campos Neto sobre taxa de juros no Senado

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, está no centro de uma intensa controvérsia. O líder de governo no Senado, Randolfe Rodrigues, sem partido, apresentou um requerimento para convocar Campos Neto a prestar explicações perante a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. O objetivo dessa convocação é esclarecer as recentes decisões de política monetária adotadas pelo BC, especialmente em relação à taxa de juros.

A manutenção da taxa Selic em 13,75% pelo Comitê de Política Monetária (Copom), por sete vezes consecutivas, tem gerado críticas tanto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto de governistas. O presidente Lula, durante sua viagem à Itália, chegou a afirmar que Campos Neto estaria trabalhando contra a economia brasileira e que a taxa de juros atual é “irracional”. Além disso, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), também se manifestou contra a manutenção da taxa.

A suplente do senador Flávio Dino, Ana Paula Lobato, do PSB-MA, pediu a exoneração de Campos Neto por meio de um pedido enviado ao Conselho Monetário Nacional (CMN). A senadora argumenta que o presidente do BC demonstrou “comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos da instituição”. A representação de Ana Paula Lobato destaca que a manutenção da taxa Selic em 13,75% evidencia uma atuação política prejudicial ao atual governo.

Essa pressão sobre o presidente do BC também foi manifestada por outros políticos, como os deputados Lindbergh Farias (PT-RJ) e Félix Jr. (PDT/BA). Lindbergh Farias, em particular, questionou o cargo de Campos Neto anteriormente, assim como Randolfe Rodrigues, que anunciou a convocação do presidente do BC ao parlamento para que ele explique as decisões do Copom.

No entanto, é importante ressaltar que, apesar das críticas e pedidos de exoneração, Campos Neto não pode ser demitido pelo presidente Lula, pois o cargo de presidente do Banco Central é autônomo e possui mandato fixo. Somente os senadores têm o poder de exonerar o presidente do BC, desde que eles modifiquem a lei que criaram.

Essa controvérsia em torno de Campos Neto reflete a preocupação com a agiotagem adotada pelo Banco Central, principalmente relacionada à taxa de juros. A convocação de Campos Neto para prestar esclarecimentos no Senado demonstra a busca de uma atuação da instituição alinhada à doutrina desenvolvimentista do presidente Lula.

Economia

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