Autoridades brasileiras expressaram forte objeção ao plano do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de enviar bombas de fragmentação à Ucrânia, alertando para os riscos de escalada do conflito com a Rússia, segundo informações da Bloomberg.
O Brasil, reconhecido como um dos poucos países com relações amistosas tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia, oferece-se para mediar as negociações de paz entre as partes conflitantes.
O assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Relações Exteriores, Celso Amorim, destacou a preocupação com o envio das munições cluster, as bombas de fragmentação, afirmando que essa decisão é perigosa para os civis e aumenta o risco de agravamento do conflito.
Em suas palavras, Amorim disse que “quando fragmentos caem de bombas de fragmentação, alguns explodem e outros não. Depois disso, as crianças brincam”. Ele também ressaltou que o Brasil se opõe ao uso de munições cluster no conflito na Ucrânia, citando a participação tanto dos Estados Unidos quanto da Rússia, as duas maiores potências nucleares.
As munições cluster [bombas de fragmentação] são proibidas por mais de 100 países, incluindo o Reino Unido, França e Alemanha, devido ao seu efeito indiscriminado sobre as populações civis.
Essas armas têm a capacidade de espalhar uma grande quantidade de submunições explosivas em uma área ampla, colocando em risco a vida de civis, especialmente crianças, que podem confundir as pequenas bombas com brinquedos.
Além disso, muitas dessas submunições não explodem imediatamente, criando um perigo contínuo mesmo após o fim do conflito.
Ativistas de direitos humanos e grupos de controle de armas também têm se manifestado contra o envio de bombas de fragmentação à Ucrânia, destacando os perigos representados por munições não detonadas e enfatizando a necessidade de proteger a população civil.
No entanto, o governo dos Estados Unidos confirmou a decisão de fornecer essas munições, argumentando que a Ucrânia precisa de artilharia para sustentar suas operações no conflito.
O Brasil, por sua vez, busca manter sua neutralidade e oferecer-se como mediador nas negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia.
Apesar das críticas que recebeu por suas declarações sobre o conflito, o presidente Lula demonstra disposição para facilitar um diálogo construtivo entre as partes envolvidas, levando em consideração as tensões existentes entre a Rússia e o Ocidente, a expansão da OTAN e as preocupações com a segurança global.
O Brasil é um dos países produtores das bombas de fragmentação, no entanto, o presidente Lula se recusou fornecer munições à Ucrânia – direta e indiretamente.
Em fevereiro, durante visita do chanceler alemão Olaf Scholz, o presidente brasileiro explicou sua negativa para fornecer munições aos países envolvidos no conflito: “Se eu vendo as munições para o canhão que a Alemanha vai dar para a Ucrânia, significa que o Brasil está entrando na guerra. E eu não quero entrar na guerra, eu quero acabar com essa guerra.”
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