Lula rejeita enviar munições para Ucrânia enquanto recebe chanceler alemão em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o chanceler alemão, Olaf Scholz, em Brasília na segunda-feira (30/1), dias depois de o governo brasileiro recusar o pedido de Berlim para enviar munição à Ucrânia. O Brasil adota alinha de não se envolver no conflito e prega a paz imediata entre Rússia e Ucrânia.

O pedido de Berlim para que o Brasil forneça um carregamento de munição do tanque Leopard 1 para a Ucrânia chegou a Lula no dia 20 de janeiro por meio do comando do Exército. Lula vetou o embarque, afirmando que não valia a pena provocar Moscou. Este pedido mostrou que o esforço do chanceler alemão para montar um pacote de assistência blindada pesada a Kiev foi mais amplo do que o divulgado anteriormente.

Durante a viagem de Scholz a Buenos Aires no domingo, o presidente argentino, Alberto Fernández, afirmou em entrevista coletiva que a América Latina não pretende se envolver no conflito.

Além de Brasil e Argentina, países como México e Colômbia também se opuseram ao envio de armas para Kiev – único país latino-americano considerado “parceiro global” da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Charles Pennaforte, professor de relações internacionais da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Laboratório de Geopolítica, Relações Internacionais e Movimentos Antissistêmicos (LabGRIMA), acredita que Scholz deve aproveitar a viagem ao Brasil para insistir no apoio ao regime de Kiev, mas a resposta deve ser a mesma.

Pennaforte acredita que o Brasil está acertando ao não se envolver diretamente no conflito. Ele vê essa posição de neutralidade como favorável ao papel do Brasil como mediador do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, enquanto o Ocidente continua a financiar Kiev. Pennaforte destaca que a trajetória de Lula também reforça esse papel que seu governo pode ter como mediador.

Economia

Chanceler alemão faz périplo pela América Latina

Olaf Scholz, chanceler alemão, está em viagem ao Brasil, Argentina e Chile em busca de parceiros na América Latina. Apesar das promessas anteriores, a relação entre a Alemanha e a região permaneceu estagnada.

A recente pesquisa do Latinobarômetro mostra que a China agora é vista como um parceiro-chave em tecnologia e ciência, enquanto a Alemanha e a União Europeia ainda são vistas como parceiras em direitos humanos, proteção ambiental e promoção da democracia.

O especialista adverte contra ter muitas ilusões sobre o apoio à posição alemã na Ucrânia.

A recusa da UE em enviar vacinas contra o COVID-19 e sua atitude em relação à vacina chinesa não a tornaram popular na região.

Fundo Amazônia

O chanceler alemão, Olaf Scholz, chega a Brasília nesta segunda-feira (30/1) para se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e empresários. Ele deve anunciar o envio de € 31 milhões (R$ 172 milhões) da Alemanha para o Fundo Amazônia.

O encontro entre Lula e Scholz e integrantes dos dois governos está marcado para as 15h45.

Também acontecerá um encontro entre empresários brasileiros e alemães e representantes dos dois governos, com a participação do vice-presidente Geraldo Alckmin.

Uma solenidade de acordo sobre o Fundo Amazônia está marcada para as 18h, bem como um jantar em homenagem ao líder alemão será realizado no Itamaraty no final do dia.

Scholz deve retornar à Europa na terça-feira (31/1) às 14h05.

Lula tem uma boa imagem no exterior, principalmente junto à social-democracia alemã, origem de Scholz, desde a época em que o petista era o principal líder sindical no Brasil.

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