Veja como foi o comício virtual da centro-direita ‘Direitos Já’ nesta sexta; assista o vídeo na íntegra

A centro-direita realizou na noite desta sexta-feria (27), virtualmente, um modorrento comício com a participação dos ex-candidatos à Presidência da República Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB).

O comício virtual, chamado de 3º Ato do Direitos Já!, ocorreu em clima de divisão. O ex-ministro Sérgio Moro, por exemplo, embora professe do pensamento médio das lideranças, foi vetado pelo movimento que reuniu também próceres do neoliberalismo como o senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE), relator da Emenda Constitucional que autorizou a privatização da água no País.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), preferiram ficar de longe desse palanque virtual. Elegantemente, eles alegaram que já tinha agendado ‘lives’ antecipadamente.

A transmissão de quase cinco horas do Direitos Já! ainda reuniu os governadores Eduardo Leite (PSDB-RS), Camilo Santana (PT-CE), Paulo Câmara (PSB-PE), Renato Casagrande (PSB-ES) e Flávio Dino (PCdoB-MA).

Os ex-governadores Márcio França (SP) e Tarso Genro (RS) também discursaram, assim como presidentes de partidos, entre os quais Bruno Araújo (PSDB), Carlos Siqueira (PSB) e Carlos Lupi (PDT).

Em meio ao ‘balaio de gatos’ partidário –com forte presença de privatistas e neoliberais– estavam como estranhos no ninho os cantores Gilberto Gil e Zelia Duncan.

Economia

Além do tucano Jereissati, o homem da privatização da água, ainda comparecem no evento virtual o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) e o senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Ninguém condenou as privatizações e a política econômica conduzida pelo ministro Paulo Guedes. A centro-direita preferiu as críticas morais contra Jair Bolsonaro.

Pensando bem, nesses tempos de Covid e cinismo, o movimento de ontem poderia perfeitamente ser chamado de ‘Privatização já!’–em defesa da democracia.

Assista a íntegra do comício virtual do Direitos Já!, a frente ampla de centro-direita:

FRENTE AMPLA! ATO EM DEFESA DA DEMOCRACIA, DA VIDA E DA PROTEÇÃO SOCIAL!

3º Ato do Direitos Já! Fórum pela Democracia acontece agora com a participação de 100 das maiores lideranças e personalidades do Brasil!

Publicado por Direitos Já em Sexta-feira, 26 de junho de 2020

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Paulo Guedes quer passar a ‘boiada’ da privatização na pandemia do coronavírus

O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não combate a pandemia de coronavírus, ele usa a pandemia de coronavírus para fazer negócios contra os interesses da sociedade. Para isso, ele tem a retaguarda de parte da mídia, do Congresso e até do Supremo. O operador do esquema é o ministro da Economia, Paulo Guedes, que, em um país sério, já estaria preso desde o início desta gestão bolsonarista.

Guedes e setores da mídia, como a Veja, aconselham o presidente da República de que a hora de passar a ‘boiada’ é agora com a privatização. Eles tomam como exemplo do marco regulatório do saneamento aprovado na última quarta-feira (24) no Senado, por 65 votos a 13, em meio à pandemia, com o apoio inclusive do senador Cid Gomes (PDT-CE), irmão do ex-governador e ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT).

Antes, um parêntese. Sobre a expressão ‘boiada’, recordemos da fatídica reunião ministerial de 22 de abril. Na época, o ministro Ricardo Salles dissera que via “oportunidade” com o coronavírus para “passar de boiada” da desregulação na proteção ao meio ambiente. Até porque não se discutia outra coisa, senão a pandemia. “Estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de covid[-19]”, discursou Salles. Fecha o parêntese.

Os grupos econômicos cujos braços midiáticos operam diariamente avaliam que a janela de oportunidade para as privatizações foi aberta com a pandemia de coronavírus.

“A perspectiva de uma severa crise provocada pela pandemia criou chance rara para o governo negociar com o Congresso a aprovação da venda de estatais”, escreve a Veja, folhetim de especuladores e de banqueiros. “São raros os momentos na política em que as oportunidades para implementar pautas impopulares, mas necessárias ao país, se abrem”, diz a publicação da Abril. “Normalmente, elas duram pouco e demoram anos para voltar a aparecer.”

A Veja apenas verbaliza o que Guedes, Bolsonaro, parte do congresso e do judiciário pensam: aproveitar a porteira da pandemia para passar a ‘boiada’ da privatização, que, em tempos normais, não passaria nem que vaca tossisse arroz doce.

O papo-furado dos neoliberais continua o mesmo de sempre: investimento privado, aliviar as contas públicas, desinchar a máquina estatal, aperfeiçoar os serviços prestados à população, diminuir os imensos cabides de emprego e reduzir o toma lá dá cá político.

Desde o início dos anos 1990, as privatizações são sinônimo de negociatas, malfeitos e piora nos serviços oferecidos aos cidadãos. Por isso, no Brasil e no mundo, são associadas com picaretagens e “roubos” do patrimônio público. “No entanto, já no programa de governo de Bolsonaro, Guedes sinalizou uma firme posição pela desestatização”, propõe a matéria Veja, enumerando 18 estatais para a venda.

Paulo Guedes acredita que é agora ou nunca a oportunidade de privatizar tudo. Ele se apoia numa pesquisa do Datafolha, do ano passado, quando 29% dos entrevistados eram favoráveis à venda dos bancos públicos e 26% à da Petrobras.

“Com a aprovação do marco do saneamento, entende-se também que a receptividade dos políticos à ideia melhorou. O principal fator de mudança no humor do Congresso é o embarque do grupo de partidos conhecido como Centrão no governo”, opina a revista, que vê “águas mais tranquilas” para o presidente Jair Bolsonaro passar a ‘boiada’ da privatização em plena pandemia de coronavírus.

Isso que a velha mídia propõe é roubo. É caso de polícia, não de política.

Alô, Ministério Público!