Lava Jato implode e três procuradores deixam a força-tarefa do MPF do Paraná

A força-tarefa Lava Jato, coordenada pelo procurador Deltan Dallagnol, começou a respirar por aparelhos nesses tempos de pandemia de coronavírus. Senão vejamos.

Três procuradores do Ministério Público Federal do Paraná (MPF) –Hebert Reis Mesquita, Victor Riccely Lins Santos e Luana Macedo Vargas– anunciaram neste sábado (27) que deixaram a força-tarefa de Curitiba.

Segundo a Globo, que sempre teve fontes no MPF do Paraná, desde a época do ex-juiz Sérgio Moro, a saída dos três procuradores seria uma reação ao pedido da coordenadora da Lava Jato na PGR, subprocuradora Lindora Maria Araújo, de acesso a dados das forças-tarefas da operação nos estados.

O pomo da discórdia, de acordo com a Globo, seria o interesse da PGR por um sistema de grampos telefônicos comprado pela Lava Jato ainda em 2015. Foi a partir desse aparelho, por exemplo, que a força-tarefa grampeou ilegalmente os ex-presidentes petistas Lula e Dilma Rousseff.

Para os mundos da política e jurídico, a força-tarefa se insurge à inspeção da PGR porque tenta proteger o ex-juiz Sérgio Moro cujo conluio com a Lava Jato veio à tona com a Vaza Jato, há um ano, divulgada pelo site The Intercept Brasil. Moro é parte do projeto de poder da “República de Curitiba”.

Em nota oficial, a PGR afirma que estranha a reação dos procuradores e o vazamento dos temas, internos e sigilosos, para a imprensa.

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“A corregedora vem acompanhando os trabalhos da Lava Jato porque determinou uma correição extraordinária, realizada por dois procuradores designados por ela, em todas as forças-tarefas em funcionamento no âmbito do MPF no país”, esclarece o documento da PGR. “Os assuntos da reunião de trabalho, como é o normal na Lava Jato, são sigilosos.”

Pelo teor da nota da PGR, a Lava Jato vinha funcionando como uma espécie de “ilha” independente no MPF e da República.

Muitos procuradores de outros estados, inclusive, questionam se a força-tarefa Lava Jato seria um “Estado soberano” nem sempre amigo do Brasil, mas muito amigo dos Estados Unidos.

A força-tarefa da Lava Jato, por seis anos, fez o que bem entendeu e nunca respondeu pelo que fez de mal para o país.

Em nome de um suposto combate à corrupção, a Lava Jato quebrou o Brasil, antes mesmo de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e da pandemia do coronavírus.

Em final de feira, a Lava Jato poderá ser extinta até porque já cumpriu sua função que era barrar o PT — Lula e Haddad em 2018 — e garantir a eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

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A seguir, leia a íntegra da nota da PGR:

Lava Jato Curitiba: objetivo de reunião de trabalho foi obter informações sobre acervo da força-tarefa

A respeito de notícias publicadas nesta sexta-feira (26), a Procuradoria-Geral da República (PGR) esclarece que a subprocuradora-geral Lindôra Araújo, na condição de coordenadora da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), realizou visita de trabalho à Força-Tarefa Lava Jato em Curitiba (PR). Desde o início das investigações, há um intercâmbio de informações entre a PGR e as forças-tarefas nos estados, que atuam de forma colaborativa e com base no diálogo. Processos que tramitam na Justiça Federal do Paraná têm relação com ações e procedimentos em andamento no STJ.

A visita foi previamente agendada, há cerca de um mês, com o coordenador da força-tarefa de Curitiba – que, inclusive, solicitou que se esperasse seu retorno das férias, o que foi feito. O procurador Deltan Dallagnol sugeriu que a reunião fosse marcada para entre 15 e 19 de junho, mas acabou ocorrendo nessa quarta-feira (24) e quinta-feira (25).

Não houve inspeção, mas uma visita de trabalho que visava a obtenção de informações globais sobre o atual estágio das investigações e o acervo da força-tarefa, para solucionar eventuais passivos. Um dos papéis dos órgãos superiores do Ministério Público Federal (MPF) é o de organizar as forças de trabalho. Não se buscou compartilhamento informal de dados, como aventado nas notícias da imprensa, mas compartilhamento formal com acompanhamento de um funcionário da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise (Sppea), órgão vinculado à PGR, conforme ajustado previamente com a equipe da força-tarefa em Curitiba.

A solicitação de compartilhamento de dados foi feita por meio de ofício datado de 13 de maio. Pedido semelhante foi enviado às forças-tarefas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Diante da demora para a efetivação da providência, a reunião de trabalho poderia servir também para que a Sppea tivesse acesso ao material solicitado. A medida tem respaldo em decisão judicial que determina o compartilhamento de dados sigilosos com a PGR para utilização em processos no STF e no STJ.

A corregedora-geral do Ministério Público Federal, Elizeta Paiva, também iria a Curitiba, mas não o fez nesta ocasião por motivos de saúde, conforme oficialmente informado ao gabinete do PGR. A corregedora vem acompanhando os trabalhos da Lava Jato porque determinou uma correição extraordinária, realizada por dois procuradores designados por ela, em todas as forças-tarefas em funcionamento no âmbito do MPF no país. Os assuntos da reunião de trabalho, como é o normal na Lava Jato, são sigilosos. A PGR estranha a reação dos procuradores e a divulgação dos temas, internos e sigilosos, para a imprensa.