Ultradireita promete protesto histórico contra visita de Lula a Lisboa

O líder do partido português Chega, André Ventura, anunciou que seu partido irá organizar a maior manifestação de repúdio à visita de um chefe de Estado estrangeiro que o país já viu. A ação visa constranger o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que fará uma viagem oficial a Lisboa em abril, e poderá fazer um discurso no Parlamento português durante a cerimônia de aniversário da Revolução dos Cravos, que marca o fim da ditadura no país europeu. A ultradireita afirma que a presença de Lula não contribui para a democracia portuguesa. Lula teve vitória expressiva em Portugal nas últimas eleições.

O que você precisa ficar sabendo sobre a ultradireita de Portugal:

  • O líder da extrema-direita portuguesa e presidente do partido Chega, André Ventura, está convocando grupos evangélicos, empresários e instituições bolsonaristas para uma manifestação contra o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante a sua visita à capital portuguesa em abril, durante a reunião de cúpula entre Brasil e Portugal.
  • O objetivo dos extremistas é tumultuar a visita de Lula ao máximo, com protestos durante a sua possível participação em um discurso na Assembleia da República em 25 de abril, dia da independência lusa. Ventura considera que este seria o maior protesto já realizado em Portugal contra um chefe de Estado estrangeiro.
  • O movimento é visto como chantagem tanto pelo governo português quanto pelo governo brasileiro. A determinação do Chega é promover o maior tumulto possível para impedir Lula de falar.
  • A declaração do ministro de Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, sobre a fala de Lula no Parlamento português em 25 de abril gerou muitas reclamações, inclusive de legendas aliadas, já que o governo não pode definir a pauta do Congresso, muito menos em um dia histórico.
  • A visita de Lula a Portugal é vista como um momento importante para a relação entre os dois países, mas a extrema-direita portuguesa vê a oportunidade como uma chance de mobilizar eleitores conservadores e se firmar como uma força política relevante em Portugal.

Embora tenha afirmado contar com o apoio de vários membros de associações, empresários, advogados, clérigos e fiéis de vários distritos do país, Ventura não apresentou concretamente o nome de nenhuma entidade ou personalidade brasileira que esteja endossando os protestos. Ele afirmou buscar o suporte dos membros dessas entidades em caráter individual e ressaltou que conta com a adesão de igrejas evangélicas, onde o partido tem forte representação.

Líderes parlamentares portugueses acusaram o governo do premiê António Costa de interferência entre os poderes, após o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, anunciar que Lula discursaria no Parlamento durante as celebrações da Revolução dos Cravos. Enquanto partidos de esquerda afirmaram apoiar a participação de Lula nas celebrações, líderes de partidos de direita se mostraram contrários. O ultradireitista André Ventura sinalizou que os 12 deputados do Chega poderiam agir para constranger Lula caso o discurso aconteça durante a sessão solene das comemorações do 25 de abril.

A Casa do Brasil em Lisboa, uma das mais antigas associações de apoio à comunidade brasileira em Portugal, repudiou os protestos convocados pela ultradireita, afirmando que eles não representam a comunidade brasileira, que luta pela democracia. A visita de Lula é um convite feito por seu homólogo português, Marcelo Rebelo Sousa.

O ex-deputado bolsonarista Paulo Martins (PL-PR), em seu Twitter, comentou a movimentação da extrema direita portuguesa. Segundo ele, o pessoal está ansioso pela chegada de Lula a Portugal.

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