Transporte público em Curitiba: Tarifa Zero só se viabiliza excluindo atravessadores; vereadores discutem soluções em Comissão Especial

Empresários do transporte na capital representam um custo inexplicável dos pontos de vista moral, econômico e administrativo

O transporte público de Curitiba é um assunto que tem sido objeto de discussão há décadas. No início dos anos 90, este blogueiro, na condição de líder estudantil e ativista social, propôs a tarifa zero nos ônibus da capital paranaense, especialmente para estudantes. Na época, a sugestão era que o financiamento viria da publicidade. No entanto, o então prefeito utilizou a ideia para otimizar as receitas do município e nunca colocou em prática a gratuidade universal.

Se este blogueiro fosse desafiado novamente, com certeza, acrescentaria que a retirada dos empresários do sistema de transporte coletivo – como atravessadores – poderia ser outra forma de subsidiar a gratuidade da passagem, além da estudantada, com alcance universal [para todos]. Esses empresários encarecem muito o serviço, sem acrescentar nada, e o transporte público deveria ser uma tarefa do poder público.

Atualmente, a tarifa dos ônibus em Curitiba é uma das mais altas do país e é um fardo para muitos moradores da cidade, especialmente os estudantes e trabalhadores de baixa renda. Durante a pandemia, os empresários do sistema de transporte coletivo receberam mais de meio bilhão de reais em subsídios, enquanto a população perdeu salários, empregos, viu a precarização de sua mão de obra, e teve que se adaptar ao trabalho remoto em home office. [Ou seja, menos passageiros, mais recursos públicos para os barões do transporte!]

Em meio a esse cenário, a proposta de tarifa zero nos ônibus ganha força e tem sido discutida por grupos sociais e políticos na cidade. No entanto, a ideia enfrenta resistência por parte dos empresários do sistema de transporte, que afirmam que a proposta seria insustentável sem a sua participação e a gratuidade apenas um sonho de verão. Esses tubarões associados a agentes públicos querem manter o atual estado de coisas sustentado por um modelo obsoleto em comparação ao mundo.

A Câmara Municipal de Curitiba promete realizar audiências públicas para discutir a viabilidade da tarifa zero e as formas de financiamento da proposta. Ainda não há uma definição sobre o assunto, mas a discussão continua sendo importante para garantir o acesso ao transporte público de qualidade para todos os cidadãos de Curitiba.

Comissão da Tarifa Zero

Vereador Herivelto Oliveira é autor da Comissão da Tarifa Zero.
Vereador Herivelto Oliveira é autor da Comissão da Tarifa Zero.

A Câmara Municipal de Curitiba aprovou esta semana a criação da Comissão Especial Tarifa Zero proposta por Herivelto Oliveira (Cidadania). O objetivo é discutir formas de reduzir as tarifas de ônibus em Curitiba e iniciar a discussão sobre o novo contrato de concessão do transporte público, que vencerá em 2025.

Economia

A comissão será composta por oito conselheiros e terá duração inicial de 120 dias, prorrogáveis por decisão do plenário. Os líderes têm agora 15 dias úteis para indicar os membros da comissão, de acordo com a proporcionalidade partidária, federações e blocos parlamentares representados na Câmara.

A proposta foi aprovada por unanimidade com o apoio de 25 vereadores. A comissão vai debater e estudar formas de reduzir as tarifas, e o novo nome não significa necessariamente tarifa zero, segundo Oliveira.

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