Ex-juiz da Lava Jato é acusado de coagir Tony Garcia a grampear autoridades
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou, por decisão do ministro Dias Toffoli, a abertura de um inquérito para apurar a conduta do ex-juiz da Operação Lava Jato Sérgio Moro.
A investigação foi solicitada pela Polícia Federal (PF) e pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que acusam Moro de coagir o ex-deputado estadual e empresário Tony Garcia a grampear autoridades públicas e empresários.
Segundo as acusações, Moro teria usado sua posição como juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba para pressionar Garcia a realizar tarefas que não estavam previstas no acordo de delação premiada firmado entre os dois em 2004.
Entre essas tarefas estariam o monitoramento de juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça do Paraná, protegidos por foro de prerrogativa de função.
Em depoimentos prestados à PF e à PGR, Garcia afirmou que Moro o ameaçava com a prisão caso ele não cumprisse suas ordens.
Moro nega as acusações e diz que não houve irregularidade na delação premiada de Garcia.
O ex-juiz afirma que as tarefas realizadas por Garcia estavam previstas no acordo e que ele não cometeu nenhum crime.
O inquérito sobre Moro é o mais recente capítulo de uma série de polêmicas que envolvem o ex-juiz.
Em abril de 2021, o STF confirmou a anulação de condenações do ex-presidente Lula na Lava Jato e declarou “suspeito” o ex-juiz Sérgio Moro nos julgamentos contra o petista.
No entanto, com base na Operação Spoofing da Polícia Federal, que reconheceu mensagens de Moro e procuradores da Lava Jato, as ações penais operadas pelo ex-juiz foram consideradas envenenadas por fraudes processuais.
Na semana passada, Tony Garcia também afirmou que foi forçado pelo ex-juiz Sergio Moro e pelo ex-procurador Deltan Dallagnol a prestar um falso testemunho que incriminaria o ex-ministro José Dirceu no âmbito da Operação Lava Jato.
O ex-deputado ainda disse que Moro o instruiu a gravar o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) e outras autoridades a pedido do então juiz.
Em dezembro passado, Toffoli declarou nulidade absoluta de processos da Lava Jato contra o ex-governador tucano com base na alegação de que houve conluio entre a força-tarefa da Operação Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro, quando este atuava como titular da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Atualmente, Moro é senador do União Brasil pelo Paraná e responde processo de cassação de seu mandato no Tribunal Regional Eleitoral do estado.
O ex-juiz da Lava Jato é acusado em ações do PT e do PL de abuso de poder econômico e caixa dois nas eleições de 2022.
Se condenado pela justiça eleitoral, o TRE-PR deverá convocar eleição suplementar para o Senado – além de declarar a inelegibilidade de Sérgio Moro pelos próximos 8 anos.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Esmael, uma dúvida: quando o Moro for cassado, esse novo inquérito contra ele no STF irá para as primeiras instâncias? Obrigado , abraço
A tendência é que ele fique no STF porque envolve outras autoridades, juízes, ministros, etc.