O ministro Fernando Haddad sabia que a Selic permaneceria em 15% ao ano, maior taxa real do mundo e instrumento que paralisa consumo, produção e desenvolvimento nacional em benefício do rentismo.
O Copom, dominado por indicados do próprio titular da Fazenda, manteve os juros em patamar estratosférico, decisão unânime que retira fôlego da economia e irrita trabalhadores.
A cena é contraditória.
O ministro passou dias atravessando entrevistas e discursos sugerindo corte imediato, afirmando que, se fosse diretor do Banco Central, votaria pela redução.
Ao mesmo tempo, foi ele quem indicou a maioria dos integrantes do comitê que optou por manter o nível proibitivo da Selic, que rende fortunas a detentores de títulos públicos e fundos atrelados à taxa.
A manutenção dos juros em 15% representa uma escolha.
A indústria perde competitividade, o crédito popular encarece e o país devolve bilhões ao topo do sistema financeiro.
Dados do Dieese mostram que, em 2023, os juros da dívida consumiram mais de 730 bilhões de reais, cifra que supera múltiplas vezes investimentos sociais e produtivos.
O movimento sindical denuncia o Banco Central como inimigo do país.
CUT e centrais levaram o protesto à porta da sede da autarquia em São Paulo, com gritos contra a drenagem de riqueza nacional e lembrete de que 78 milhões de brasileiros estão negativados, vítimas de cartões com até 490 por cento ao ano no rotativo.
“É bom para bilionário e péssimo para quem acorda cedo e carrega o Brasil nas costas”, resumiram dirigentes que exigem retomada da soberania sobre a política monetária.
O Palácio do Planalto evita confronto direto, mas aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacam que o modelo atual sacrifica emprego e renda para satisfazer a velha mídia corporativa e seus patrocinadores do mercado financeiro.
O governo insiste que a inflação está sob controle e que juros tão altos apenas sabotam a produção nacional.
O Copom argumenta risco inflacionário e mercado de trabalho aquecido.
Economistas críticos afirmam que alimentos e energia respondem a choques climáticos e geopolíticos, campos em que a Selic não atua.
A aposta é que a pressão social e a agenda de crescimento acabem vencendo o interesse rentista.
O país precisa escolher entre fábrica e banco. A Selic a 15% é um freio social, que transforma o Brasil em colônia financeira. Cabe ao governo reconectar discurso e prática para romper essa engrenagem.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.






