Presidente Lula recua da exoneração de Campos Neto no BC, desde que caia a taxa de juros

O senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado e um dos petistas mais ouvidos por Lula, afirmou que o presidenteda República não tem intenção de enviar propostas para o Congresso que alterem a independência do Banco Central ou de articular a derrubada do presidente do banco, Roberto Campos Neto.

Wagner ressaltou que o momento é de pacificação e diálogo entre o governo e Campos Neto, e que é melhor que os dois lados conversem e se acertem, pois o Brasil tem a ganhar com isso.

Na prática, o presidente Lula recuou da proposta inicial de exonerar Campos Neto desde que o Banco Central reduza a taxa de juros. Ou seja, o moço do BC terá de dançar miudinho conforme a música executada pelo Palácio do Planalto.

A declaração de Jaques Wagner é uma resposta ao aceno de paz feito por Roberto Campos Neto, que vem dando declarações conciliatórias em relação a Lula e sinalizações de que o Banco Central também estaria alinhado à missão social do governo petista.

Campos Neto vem repetindo que o Banco Central não gosta de juros altos e que acredita ser possível fazer fiscal junto com o bem-estar social, mas que é muito difícil ter bem-estar social com inflação descontrolada.

Portanto, segundo Jaques Wagner, o governo atual não pretende quebrar a autonomia do Banco Central ou tirar o mandato de Campos Neto, e o momento é de diálogo e pacificação entre o governo e o presidente da instituição.

Economia

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