No Senado, Requião culpa governo Lula pela privatização da Copel e pedágio no Paraná

O ex-senador Roberto Requião (PT), discursou no Senado, na quinta-feira (9/11), quando culpou o Governo Lula pela privatização da Copel (Companhia Paranaense de Energia) e pela volta do pedágio mais caro no Paraná.

O ex-governador do Paraná disse que, após a eleição do presidente Lula (PT), se reiniciou o processo de privatização da nossa empresa [Copel].

“Com apoio de quem? Com apoio do governo federal”, lamentou.

Segundo Requião, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro das Minas e Energias, Alexandre Silveira, aceleram o processo de outorga de novas usinas, forçando a Copel a ter um desencaixe que era impossível naquele momento porque a Copel, nas mãos do atual governo, transformou em distribuição de dividendos todos os seus lucros.

“Ela [Copel] zerou caixa distribuindo dividendos numa forma simplesmente fantástica”, explicou.

Roberto Requião relatou que o advogado Daniel Godoy Junior, do movimento contrário à privatização, foi ao BNDES, que é o segundo maior acionista da nossa empresa.

Economia

“A resposta que conseguiu dessa maravilhosa instituição financeira comandada pelo nosso amigo Aloizio Mercante foi: ‘Para nós, não tem importância. Nós não perdemos um tostão com a privatização’; e não interferiram no processo.”,

A empresa de energia mais eficiente e mais lucrativa do país foi vendida na B3 em agosto passado.

Requião foi convidado pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), a falar sobre denúncias e acusações de violação dos direitos dos trabalhadores da Eletrobras, que foi privatizada no ano passado.

Requião, que governou o Paraná por três mandatos, destacou o papel estratégico da Copel na oferta de energia de qualidade ao estado.

O ex-senador e ex-governador resgatou sua gestão e enfatizou a transformação da Copel, refutando a justificativa de prejuízos como base para a privatização.

Ele questionou a lógica por trás dessa decisão.

Requião abordou em seu discurso as implicações econômicas e sociais da privatização, criticando a busca incessante por lucros, que, segundo ele, leva à precarização das condições de trabalho e ao aumento das tarifas, prejudicando a economia e a população.

Requião enalteceu a trajetória da Copel, fundada em 1954 para impulsionar o desenvolvimento do Paraná, questionando a lógica por trás da privatização de uma empresa que representava uma “maravilha” no cenário energético brasileiro.

A crítica de Requião se estendeu à condução do processo, destacando erros como a diminuição de investimentos e demissões em massa, resultando na perda de memória técnica da corporação.

Ao comparar com experiências internacionais, Requião destacou a opção de estatização em crises por países como Alemanha e França, questionando a orientação brasileira em favor do capital financeiro.

Requião propôs soluções, incluindo desapropriação de ações e cancelamento de concessões, mas ressaltou a falta de pressão do Congresso e a ausência de um projeto consistente do governo federal.

Apontando falta de alinhamento entre discurso do presidente Lula e ação do governo federal, Requião destacou a necessidade de pressão para mudar a condução econômica, enfatizando a falta de um projeto claro.

Aos senadores, Requião ainda disse que assumiu com o Lula, durante a campanha, um compromisso de acabar com o pedágio.

“O Lula, publicamente, botava comerciais no ar dizendo, eu acabarei com o roubo do pedágio no Paraná”, no entanto, segundo o ex-senador, o governo federal fez acordo com o governador Ratinho Junior (PSD) para assegurar o modelo de pedágio mais maléfico aos usuários de rodovia no estado.

Requião concluiu destacando o desafio de resgatar o controle de empresas estratégicas para garantir a soberania nacional, superando uma visão exclusivamente corporativa em busca de alternativas que promovam o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

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