O “Modelo Paraná” implementado pelo governador Ratinho Junior (PSD) tem sido alvo de intensos debates e críticas nos últimos tempos. Dentre os principais pontos de controvérsia, destacam-se os pedágios, os apagões e as políticas que refletem um viés bolsonarista.
Desde 23 de março de 2024, as concessionárias de pedágio no Paraná retomaram a cobrança, porém, a população aguarda ansiosamente por melhorias nas rodovias que ainda não se concretizaram. O retorno da cobrança sem a correspondente entrega de melhorias infraestruturais levanta questionamentos sobre a efetividade do modelo adotado.
Embora os contratos estabeleçam obrigações para as concessionárias, a ausência de obras significativas previstas para os próximos anos gera preocupação quanto ao cumprimento dessas exigências. A população paranaense exige transparência e eficiência na gestão dos recursos provenientes dos pedágios, bem como a garantia de que tais recursos sejam de fato aplicados em benefício da melhoria das rodovias.
Os recentes apagões registrados em diversos municípios do Paraná revelam falhas significativas na infraestrutura energética do estado. Com 387 municípios afetados, os apagões não apenas causam transtornos para a população, mas também representam um sério obstáculo para o desenvolvimento econômico.
A privatização do setor elétrico, apresentada como uma medida para promover eficiência e competitividade, tem sido questionada diante da frequência e gravidade dos apagões. A falta de investimentos adequados e a precariedade na manutenção da rede elétrica são fatores que contribuem para esses incidentes, os quais prejudicam diversos setores da economia paranaense.
Além das questões relacionadas aos pedágios e aos apagões, o “Modelo Paraná” também tem sido alvo de críticas devido a políticas que refletem um viés bolsonarista. A recente medida que visa endurecer as regras para as “saidinhas” de presos, por exemplo, é vista como uma estratégia populista que não aborda efetivamente os problemas do sistema carcerário.
Ratinho Junior publicou um vídeo no Instagram no qual faz apologia ao populismo penal, mostrando um fetiche, desconhecimento e oportunismo eleitoral para flertar com a extrema direita.
Não é de somenos a implementação midiática de 322 escolas cívico-militares, que não têm condições de funcionamento. Um vídeo produzido por alunas do Colégio Estadual Cívico-Militar Alfredo Chaves, localizado em Colombo, região metropolitana de Curitiba, ganhou destaque nas redes sociais ao expor, com bom humor, a realidade do sucateamento das instalações educacionais no estado.
Ao penalizar a maioria dos detentos por conta de uma minoria que não cumpre as regras, o governador do Paraná demonstra uma postura punitivista e pouco eficaz na resolução dos problemas enfrentados pelo sistema prisional. Além disso, a contradição filosófica entre o fim das saídas temporárias e os pedidos de anistia para os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro revela inconsistências nas políticas apoiadas pelo governador Ratinho Junior.
Censura de críticos no Instagram
Em meio às críticas e controvérsias que envolvem o “Modelo Paraná”, destaca-se também a questão da censura e do bloqueio de críticos por parte do governador Ratinho Junior em suas redes sociais. O uso indevido de perfis oficiais para excluir cidadãos que expressam opiniões contrárias evidencia uma postura antidemocrática e autoritária, que não condiz com os princípios democráticos e constitucionais.
O governador Ratinho Junior, por meio do perfil no Instagram @ratinho_junior, bloqueou o Blog do Esmael da posibilidade de estabelecer o contraditório. Essa prática impõe a ditadura da opinião única no Paraná.
Um funcionário público não pode usar uma conta em rede social para todos os propósitos oficiais excluir pessoas de um diálogo online aberto porque expressam opiniões com as quais discorda, mas é isso que vem fazendo o governador Ratinho Junior no “Modelo Paraná”: censura.
Em suma, o “Modelo Paraná” implementado pelo governo de Ratinho Junior enfrenta uma série de questionamentos e críticas, que vão desde questões infraestruturais até políticas controversas. A população paranaense clama por transparência, eficiência e respeito aos direitos democráticos, reafirmando a importância do debate público e da participação cidadã na construção de um estado mais justo e democrático.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.