Lula cobra unidade, comunicação e marca 2026 na reunião

Blog do Esmael, direto de Brasília – Lula abriu a última reunião ministerial de 2025 pedindo que o governo pare de “inventar lorota”, fale com honestidade sobre o que foi feito e entre em 2026 com discurso afinado, cobrança de entregas e defesa explícita da democracia. O encontro ocorreu na Granja do Torto, em Brasília.

Na largada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avisou que não quer “narrativa” vazia. Disse que a obrigação do governo é mostrar “nada mais, nada menos” do que realizou, com comunicação correta e com o povo decidindo se aquilo é bom ou não.

O recado central foi político e organizacional: Lula criticou o hábito de tratar políticas públicas como propriedade de um mandato. Usou o Bolsa Família como exemplo de programa de Estado, atravessando governos e voltando a ser executado, segundo ele, como política do Brasil, não “do Lula”.

Ele puxou a orelha do time: ministro, para Lula, precisa conhecer o conjunto das ações. A tese é simples, quem vai a um estado, a uma reunião setorial ou a uma agenda temática deve conseguir falar também de outras entregas do governo, para não deixar buracos na defesa pública da gestão.

Lula também mexeu num ponto sensível: pediu para a equipe parar de falar como se houvesse “o governo do presidente Lula” separado dos demais. Repetiu que o governo é coletivo e que a responsabilidade por comunicar e defender resultados é de cada ministro, não só da Secom. A cobrança aparece no próprio tom do Planalto, que atribuiu ao presidente um apelo por prestação de contas e transparência.

A parte mais didática veio quando Lula atacou o que chamou de “poluição visual”. Criticou material cheio de informação, documento jurídico ilegível e peça que agrada ao gabinete, mas não chega ao povo. Ele contou um episódio do tempo de sindicalista, quando boletins iam para o lixo antes de serem lidos, e disse que aprendeu a simplificar para ser entendido.

Da agenda de governo, Lula afirmou que volta ao batente em 6 de janeiro e quer reuniões por áreas ministeriais antes do Carnaval, além de encontros com bancos públicos para receber relatórios consolidados de execução do ano.

No campo internacional, citou viagens e tratou do acordo União Europeia–Mercosul como um teste político que travou por razões internas na Europa. Disse que o Brasil e o Mercosul cederam no limite da diplomacia e que, sem fechamento, a postura tende a endurecer. O Planalto registrou o tom de projeção do governo para o próximo ciclo e o peso do multilateralismo como argumento político.

Na política doméstica, Lula agradeceu a articulação no Congresso e disse que, num Parlamento adverso, seu governo aprovou mais do que a média histórica conseguiria. Ele insistiu na ideia de negociação como método, “conversar, ceder quando tem que ceder” para entregar ao povo.

A virada de chave do discurso foi quando Lula falou em “salto de qualidade”. Defendeu que o Brasil não pode viver eternamente só de políticas de inclusão, porque governos que não têm compromisso social “destroem” o que foi feito. Em seguida, deixou explícito o componente eleitoral: disse que precisa construir o que fará no próximo período e mencionou que já mandou estudar políticas sociais de possíveis adversários estaduais.

Ele entrou em temas econômicos e sociais com números e símbolos: citou correção da tabela do Imposto de Renda, salário mínimo, Bolsa Família, Pé-de-Meia, “gás do povo” e o dado de que a maioria do país vive abaixo de determinada faixa de renda, como razão para ampliar correlação de forças nas urnas e no Congresso.

A redução da jornada, incluindo a crítica à escala 6×1, apareceu como bandeira histórica e como debate que, na visão dele, deveria ser puxado até pelo empresariado diante do ganho tecnológico. Lula usou exemplos da indústria para sustentar que produtividade cresceu, emprego caiu, e que o país precisa disputar um novo equilíbrio entre trabalho, renda e vida.

O trecho mais duro veio ao tratar do 8 de Janeiro. Lula convocou ministros a estarem em Brasília no ato simbólico, disse que há quem queira o episódio no esquecimento e afirmou que a sociedade não pode esquecer a tentativa de manter o poder fora do voto. Esse pedaço do discurso foi apresentado pelo Planalto como defesa institucional e parte do balanço político da gestão.

Na política externa, Lula repetiu o discurso de paz: disse que não quer briga com países, que o continente é de paz e que o Brasil tenta contribuir com diálogo em atritos internacionais, citando a importância da palavra sobre a arma.

Ele dedicou um bloco inteiro ao enfrentamento do feminicídio. Disse que a luta não é “das mulheres”, é tarefa dos homens, porque são eles os algozes na maioria dos casos. Cobrou envolvimento do governo inteiro, além de Judiciário, polícia, sindicatos, igrejas e escolas, para transformar o tema em causa nacional e educativa.

No final, Lula misturou balanço e recados para 2026: pediu orgulho do que chamou de volume de inclusão social em três anos, mas afirmou que isso também é instrumento de disputa política, porque adversários precisarão dizer o que oferecem ao país.

Também falou de segurança pública: disse que quer aprovar uma PEC para definir o papel da União e, depois disso, criar o Ministério da Segurança Pública, com dinheiro, estrutura e inteligência.

Ao encerrar, Lula citou preocupação com a América Latina diante das atitudes do presidente Donald Trump e também comemorou resultados da COP em Belém, defendendo a agenda climática e a liderança brasileira em energia renovável. O Planalto divulgou, no mesmo contexto, um resumo de apresentações ministeriais e do balanço do governo.

Assista e acompanhe pelo Blog do Esmael.

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