O falso moralismo, a hipocrisia, grassa em parte do jornalismo brasileiro. Vide as reportagens sobre o valor das férias do presidente Jair Bolsonaro (PL), que consomem horas de cobertura na Globo. No entanto, a emissora não dedica um segundo sequer para registrar que o governo gastou R$ 1,96 trilhão com juros e amortizações da dívida pública. [#issoaglobonaomostra]
Isso não quer dizer que Bolsonaro pode torrar por aí dinheiro público à vontade. Pelo contrário. O presidente deveria ser coerente com a propaganda e se limitar à farofa, pão com mortadela e tubaína. O episódio também serve para deixar claro que o mandatário é tão verdadeiro quanto uma nota de três reais.
Em 2021, o governo federal gastou R$ 1,96 trilhão com juros e amortizações da dívida pública, o que representa um aumento de 42% em relação ao valor gasto em 2020, que por sua vez já tinha sido 33% superior a 2019.
Nos últimos dois anos, os gastos financeiros com a dívida federal quase dobraram.
Apesar desses vultosos pagamentos, em 2021 a Dívida Pública Federal aumentou R$ 708 bilhões, tendo crescido de R$ 6,935 trilhões para R$ 7,643 trilhões.
– Assistimos a um verdadeiro saque das riquezas nacionais para alimentar o Sistema da Dívida, enquanto todos os outros investimentos necessários ao nosso desenvolvimento socioeconômico são deixados de lado, sob o falacioso argumento de que não haveria recursos, dizem Maria Lucia Fattorelli e Rodrigo Ávila do site “Auditoria Cidadã da Dívida”.
Segundo os especialistas, recursos não faltam ao País.
– Além de cerca de R$ 5 trilhões em caixa dois houve “Superávit Primário” em 2021, no valor de R$ 64 bilhões. Mas todo esse dinheiro está reservado para o rentismo!
O moralismo seletivo que a Globo pratica visa garantir para si e para uma casta social privilégios que só a teta do Estado garante. Ou seja, ‘Estado Mínimo’ para o povo e ‘Estado Máximo’ para a burguesia.
O gráfico do Orçamento Federal Executado (pago) em 2021 evidencia o privilégio do Sistema da Dívida: