O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), entrevistou na manhã desta segunda-feira (29) o ex-presidente Lula. A conversa entre eles ocorreu virtualmente (abaixo, assista a íntegra).
O reencontro entre Lula e Flávio ocorreu após o governador maranhense participar da frente ampla com políticos de centro-direta. O petista se negou a assinar manifesto, que não prevê a saída do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a mudança na política econômica neoliberal.
Lula e Dino, afinados, debateram sobre Cultura, Educação, Saúde e Economia.
“Se você alargar a base monetária, nesse momento de queda da demanda, não tem como ter inflação. Eu digo e repito que o ideal era ter imprimido dinheiro novo em um fundo específico para o coronavírus”, ensinou o ex-presidente Lula, em crítica aberta à gestão de Paulo Guedes na Economia.
O ex-presidente também criticou as escolhas de Bolsonaro para os ministérios, sobretudo os de Educação e Saúde. Para Lula, o presidente tem nomeado as pessoas que não gostam ou não entendem das áreas. Ele citou Carlos Decotelli e o general Eduardo Pazuello como maus escolhas.
Lula disse que os governadores se sobressaíram na pandemia de coronavírus. “É preciso reconhecer que o trabalho dos governadores tem dado sinais de esperança a esse país, como o
Flávio Dino tem feito no Maranhão. Enquanto o Bolsonaro só dá sinais de desespero”, elogiou.
“Nada será o mesmo depois do coronavírus”, previu o ex-presidente Lula. “O mundo exigirá que sejamos solidários, mais humanos e companheiros. É esse país que teremos de construir depois da pandemia.”
Entrevistado, Lula desancou a privatização da água pelo Senado. “Um bem da humanidade”, afirmou.
O petista ainda lembrou da precarização da mão de obra, por meio da uberização, em que trabalhadores de entrega sentem o cheiro da comida que sequer conseguem comer.
“O Brasil tem hoje o governo mais desmoralizado do planeta terra. Quem vai querer investir aqui? A gente precisa ter uma conversa muito séria sobre os rumos desse país. Eu não abdico de provar pra sociedade que o Brasil tem jeito”, declarou o ex-presidente.
Assista a íntegra da entrevista:
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Auxílio emergencial e indignação seletiva da Globo
De repente, a Globo virou os canhões contra pessoas físicas pelo recebimento indevido de R$ 600 do auxílio emergencial. A emissora mostrou histórias de cidadãos –de empresários a dondocas– que não preenchiam os requisitos, mas que sacaram o valor. Fraude!, fraude!, Fraude!, gritaram indignados os Marinho.
De fato houve uma fraude, a julgarmos pelos dados factuais mostrados pelos valentes repórteres da afiliada da Globo no Rio Grande do Sul. No entanto, há uma indignação seletiva da televisão e do programa Fantástico, que levou o material ao ar.
Primeiro, esse auxílio emergencial deveria ser universal –sem distinção de raça, cor ou rendimento. É assim que estão procedendo os demais países do mundo. Mais do que ajuda, é medida para estimular a economia em depressão profunda.
Segundo. Durante a pandemia, o ministro da Economia Paulo Guedes transferiu alguns trilhões dos cofres públicos para os bancos e especuladores sem que houvesse um pio da Globo e demais veículos de imprensa da mídia corporativa.
A velha mídia está ajudando em meio à pandemia de coronavírus Guedes, Bolsonaro e a parte mais venal do Congresso privatizarem áreas estratégicas à soberania do País, como a água, negócios de bilhões, com a complacência e “cobertura” [no sentido de esconder e proteger] do roubo ao patrimônio público.
A Globo mostrou ontem à noite um relatório do TCU com 620 mil pessoas receberam auxílio emergencial sem ter direito. O prejuízo seria, segundo a TV, de quase R$ 1 bilhão.
Terceiro. Enquanto a emissora grita ‘pega ladrão’ para batedores de carteiras, a TV Globo ajuda acobertar o maior roubo do Brasil em plena pandemia.
Caríssimos bravos repórteres. Senhores membros do TCU. Sigam o dinheiro. Follow the money. Sigam o Guedes.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.