A censura mais grave dessas aplicações de internet se dá por meio de algoritmos, que vetam palavras-chave para alguns editores e jornalistas
O dono do Twitter, Elon Musk, parece que ‘afrouxou a tanga’ para jornalistas dos principais veículos de comunicação do mundo, no entanto, a censura ainda continua sendo um desafio para editores e profissionais de imprensa. A forma mais grave e silenciosa de limitar a liberdade de expressão se dá hoje por meio de algoritmos, linhas de código, que são verdadeiras caixas pretas a serem abertas. No Brasil, por exemplo, há a promessa de uma regulação para as aplicações de internet no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A remoção de conteúdos por essas plataformas de mídias sociais igualmente é tema caro para a mídia independente brasileira, que luta pela pluralidade de ideias e contra a ditadura da opinião única.
Dito isso, após repercussões negativas, Elon Musk restabeleceu as contas do Twitter de vários jornalistas que ele havia banido um dia antes, depois que a segunda pesquisa que ele realizou sobre o assunto foi contra seu resultado preferido.
Na quinta-feira, Musk suspendeu um grupo de jornalistas de tecnologia – do New York Times, incluindo Ryan Mac; Drew Harwell, do Washington Post; e Donie O’Sullivan, da CNN – pelo que ele disse serem violações da nova regra da empresa sobre revelar a identidade das pessoas.
Depois que uma pesquisa inicial apoiou uma reversão imediata das proibições na quinta-feira, Musk disse que havia muitas opções e fez outra pesquisa por 24 horas com apenas duas opções: manter a proibição em vigor por sete dias ou suspendê-la imediatamente.
Após cerca de 3,7 milhões de votos, os usuários votaram para suspender a proibição de 58,7% para 41,3%.
Em um tweet logo depois, Musk disse que suspenderia as proibições e vários desses usuários retornaram à plataforma.
“As pessoas falaram”, tuitou Musk.
A nova regra proíbe os usuários de publicar “informações de localização ao vivo” que “revelem a localização de uma pessoa, independentemente de essa informação estar disponível publicamente”.
Musk afirmou que os jornalistas o “doxxaram” [divulgaram suas informações pessoais], mas na verdade eles publicaram recentemente artigos sobre a suspensão de Musk de uma conta no Twitter que compartilhava dados disponíveis publicamente sobre os movimentos de seu jato particular. Os artigos escritos por vários dos repórteres antes de suas contas serem suspensas não incluíam informações sobre a localização em tempo real de Musk ou a localização de qualquer um de seus familiares.
A conta da ElonJet que se dedicava a twittar a localização de seu jato particular permanecia suspensa no momento da reportagem.
A suspensão das contas dos repórteres que cobrem Musk foi amplamente condenada por seus empregadores, outras organizações de mídia, a UE e as Nações Unidas.
Foram 24 horas caóticas no Twitter até para o padrão estabelecido por Musk desde que assumiu a plataforma. Em um evento do Twitter Spaces após o anúncio das suspensões, Musk entrou brevemente e foi questionado por alguns dos jornalistas que tiveram suas contas suspensas, mas mesmo assim puderam participar do evento do Spaces.
Ele disse que os jornalistas não estavam sendo tratados de forma diferente de outros cidadãos. “Se você é doxx [divulgador de dados pessoais], você é suspenso. É isso. Fim da história.”
Depois de mais perguntas da anfitriã, a repórter de tecnologia do BuzzFeed News, Katie Notopoulos, Musk deixou o evento, e não muito tempo depois que o Space terminou abruptamente e foi deletado inteiramente pelo Twitter.
Então o Twitter colocou todo o produto Spaces offline por quase um dia, com Musk dizendo que um “bug legado” precisava ser consertado. Depois que voltou, Notopoulos descobriu que havia sido banida do Spaces.
O Twitter também mirou em seu rival mais próximo, o Mastodon, proibindo o link para vários servidores do Mastodon e impedindo que os usuários adicionassem seu nome de usuário do Mastodon ao perfil.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.