Eduardo Bolsonaro, traidor na visão da Folha e do Estadão

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro é visto como traidor até pelos jornalões do consórcio

Na mais dura ofensiva editorial desde a redemocratização, os dois principais jornais do consórcio midiático-financeiro, Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, classificaram o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como “inimigo do Brasil” e “traíra”. A convergência editorial não é coincidência. É a elite oligárquica sinalizando que o clã Bolsonaro se tornou um entrave para seu novo projeto de poder: Tarcísio de Freitas (Republicanos), o bolsonarista domesticado.

A Folha foi direta: Eduardo Bolsonaro age contra o Brasil, movido pelo desespero de livrar o pai, Jair Bolsonaro, da prisão. Comemorou o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre exportações brasileiras, atacou governadores que tentaram mitigar o impacto, como Tarcísio (SP) e Ratinho Jr. (PR), e ainda sabotou a comitiva de senadores enviada a Washington para tentar conter o estrago.

A denúncia vem da velha mídia, e com interesses

O editorial da Folha de S.Paulo, publicado na noite desta quarta-feira, 30 de julho, acusa o filho do ex-presidente de “chantagem antinacional” e de promover sanções contra o próprio país. Segundo o texto, Eduardo é “bufão aos pés de trono estrangeiro” e “não demonstra pudores” ao usar chantagem econômica para pressionar o STF a arquivar os processos que investigam o pai por tentativa de golpe.

O Estadão não ficou atrás. Em editorial anterior, o jornal classificou Eduardo como “traidor”, um adjetivo raramente empregado com tal peso institucional. Ambos os jornais, vale lembrar, são parte do consórcio que atua em simbiose com o sistema financeiro. São empresas que detêm bancos, fundos, editoras, canais de TV e outros braços do poder econômico.

Tarcísio no centro do xadrez: o novo queridinho da elite

Os ataques a Eduardo coincidem com o esforço da velha mídia em impulsionar Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, como alternativa “civilizada” ao bolsonarismo raiz. A mídia que passou anos alimentando o extremismo agora quer domesticar a fera, e para isso precisa desmoralizar os radicais do clã, começando por Eduardo, o mais inconsequente deles.

Tarcísio, que estimou perdas de até R$ 30 bilhões e 120 mil empregos com as tarifas de Trump, é citado pela Folha como exemplo de “bom senso”, ao lado de Ratinho Jr. Os dois articulam, em Brasília e com empresários, uma reação racional à crise criada por um aliado delirante. A mensagem está dada: quem atrapalha o “bolsonarismo de mercado” será rifado.

Chantagem internacional e sabotagem institucional

Eduardo Bolsonaro não apenas endossou as sanções dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes, como ameaçou, em entrevista ao SBT News, trabalhar ativamente para que a comitiva brasileira “não encontre diálogo” em Washington. Além disso, sugeriu que presidentes da Câmara e do Senado também poderiam ser alvos de sanções, um nível de sabotagem institucional sem precedentes.

O editorial da Folha crava: “Eduardo não consegue mais distinguir o certo do errado”. Para os jornalões, o deputado cruzou a linha da oposição e passou a ser vetor de desestabilização nacional. O nome disso, para a imprensa que o ajudou a chegar onde está, é traição.

Oligarcas querem Tarcísio

O cerco editorial contra Eduardo Bolsonaro não é por acaso. É parte de uma movimentação estratégica dos donos do poder: substituir o bolsonarismo selvagem por uma versão palatável aos oligarcas, com Tarcísio de Freitas à frente. O consórcio midiático-financeiro joga pesado quando vê seus interesses ameaçados. E, no momento, Eduardo se tornou o alvo preferencial porque é o elo mais fraco da narrativa que ainda sustenta Jair Bolsonaro.

A pergunta que fica: se até os jornalões já o tratam como traidor, quanto tempo resta para o próprio sistema jogá-lo no lixo da história?

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