Apagões pós-privatização da Copel geram indignação na base de Ratinho Jr. na ALEP

O cenário energético no Paraná tornou-se uma fonte crescente de preocupação, especialmente após a privatização da Copel (Companhia Paranaense de Energia). O governador Ratinho Junior (PSD) tem enfrentado cobranças incisivas de membros de sua própria base na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) devido ao aumento significativo de apagões nos municípios do estado.

O deputado Anibelli Neto (MDB), representante da Comissão de Agricultura na ALEP, leu um manifesto da Federação de Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) durante a sessões legislativa de segunda-feira (26/2). O documento revela prejuízos substanciais enfrentados pelos produtores rurais devido à gestão questionável da empresa privatizada no ano anterior. A base governista na ALEP, incluindo o próprio Anibelli Neto, demonstrou impaciência diante dos persistentes apagões.

Anibelli Neto está entre os 35 deputados que, em novembro do ano passado, votaram a favor da privatização da Copel [projeto de lei 493/2022] na ALEP.

A ironia expressa pelo deputado Arilson Chiorato (PT), “PRIVATIZA QUE MELHORA”, tornou-se uma expressão frequente, mas a realidade parece contradizê-la. A rotina de quedas de energia no Paraná tem gerado um aumento substancial nas reclamações contra a Copel. Surpreendentemente, 66% das queixas registradas em 2023 ocorreram entre setembro e dezembro, após a privatização.

“Virou rotina a queda de energia no Paraná e reclamações contra a Copel só aumentam”, disse o parlamentar petista, que abriu um serviço para receber denúncia de apagões [Denuncie quedas de energia no Zap: https://wa.me/554399591300].

Os prejuízos causados pelos apagões vão além dos transtornos cotidianos, atingindo diretamente os produtores rurais em todas as regiões do Paraná. Com base em relatos de mais de 50 sindicatos rurais, o Sistema FAEP/SENAR-PR tomou a iniciativa de solicitar providências imediatas à Copel, ao governo do Paraná e à ALEP.

Economia

O Sistema FAEP/SENAR-PR compilou relatos detalhados de sindicatos rurais, evidenciando os problemas enfrentados por agricultores e pecuaristas. Além dos prejuízos financeiros, os apagões têm se imposto como um obstáculo significativo para a produção agropecuária, com impactos que reverberam na economia do estado.

A oscilação recorrente de carga tem resultado na queima de sistemas elétricos de equipamentos essenciais, como motores, bombas de irrigação e painéis de controle. Os produtores relatam casos dramáticos, como a morte de um lote de frangos devido à queima de um disjuntor, destacando os prejuízos econômicos e as dificuldades enfrentadas.

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), após a privatização da Copel, houve um alarmante aumento de 1.230 apagões no último ano. A situação se agrava com quedas sequenciais, como o caso em Guamiranga, que registrou dez interrupções em apenas uma hora, causando danos consideráveis a equipamentos.

O tempo médio de duração das interrupções também cresceu, passando de 248 minutos para 355 minutos, segundo a Aneel. Em alguns casos, as interrupções persistem por dias, levando os produtores a recorrerem a geradores e enfrentarem prejuízos expressivos. A situação atinge diferentes setores, desde a avicultura até a fumicultura, com danos significativos na qualidade do produto final.

Nos últimos cinco anos, os produtores rurais do Paraná viram seus custos de energia elétrica dispararem. O aumento de 76,4% na tarifa rural superou significativamente a inflação, impactando a competitividade do setor agropecuário paranaense.

Os produtores rurais atribuem o aumento dos episódios de apagões à privatização da Copel. Alegam falta de manutenção nas redes e apontam que as equipes terceirizadas não têm o mesmo comprometimento que os funcionários de carreira, resultando em um atendimento deficiente.

Copel foi privatizada e apagões e mini-apagões se intesificam no Paraná.
Copel foi privatizada e apagões e mini-apagões se intesificam no Paraná.

Além dos problemas no fornecimento de energia, os produtores enfrentam dificuldades na comunicação com a Copel para solicitar manutenção ou restabelecimento do serviço. Canais de atendimento robotizados e demora no suporte têm sido apontados como agravantes, evidenciando um descaso no atendimento aos usuários do serviço.

A Copel, em resposta às críticas, afirmou que está intensificando inspeções e manutenções nas redes rurais. A empresa justifica parte dos problemas pelos 24 temporais de grandes proporções registrados em 2023, que causaram danos severos à rede elétrica.

A companhia ressaltou que destinou R$ 1,878 bilhão a obras de ampliação e reforço na distribuição de energia em 2023, incluindo programas de modernização. Para 2024, estão previstos investimentos adicionais de R$ 2,1 bilhões. Contudo, os produtores alegam falta de compromisso efetivo e ressaltam a necessidade urgente de soluções para os problemas enfrentados.

Diante dos desafios recorrentes, fica evidente a necessidade de ações imediatas para resolver os problemas na distribuição de energia no Paraná. Os prejuízos financeiros, impactos na produção agropecuária e a insatisfação generalizada exigem um compromisso real por parte da Copel e do governo estadual. A sociedade paranaense aguarda respostas concretas e medidas eficazes para restabelecer a confiabilidade no fornecimento de energia elétrica.

Assista ao vídeo com discurso de Anibelli Neto:

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