Lava jato já respira por aparelhos

A força-tarefa lava jato respira por aparelhos, embora a equipe do juiz Sérgio Moro realize nesta quinta (22) a primeira operação deste 2018 contra o governo Beto Richa (PSDB) e concessionárias de pedágio no Paraná.

Há um evidente deslocamento de pauta da “corrupção” para a “violência”, uma espécie de “bolsonorização”, que excluiu o judiciário lavajatista. Esse movimento é materializado com a intervenção no Rio.

Não é nenhuma novidade que isto mais ou mais tarde aconteceria. O bombardeio ao auxílio-moradia foi o prenúncio desta nova fase de decadência deste partidarismo judicial. A mídia já mandou o recado dizendo que manda no consórcio ao disparar contra a magistratura com um vezo [falso] moralista.

Para corroborar esta tese, de que a lava jato respira por aparelhos, o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) dissera no dia 6 de fevereiro, portanto, dez dias antes da intervenção militar no Rio, que era mais importante combater os bandidos do que a corrupção.

“A segurança pública é uma questão que tem se tornado mais grave até porque o país, nos últimos anos, fez opção pelo combate à corrupção no lugar de combater bandido. Essa é a realidade”, disse Marun na época em encontro promovido pela Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig).

Ato contínuo, no dia 19 de fevereiro, três dias depois do decreto de Michel Temer, foi a vez do presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) declarar que ‘estamos numa guerra contra o crime’ e que ‘nossa arma é a Constituição’.

Economia

Note o caríssimo leitor que os dois políticos governistas, Maia e Marun, começaram a relativizar o tema da corrupção para adotar como slogan que ‘bandido bom é bandido morto’. É claro que eles se referem aos ‘bandidos’ das favelas do Rio de Janeiro, qual seja, negros e pobres dos morros. Este também é o mais novo fetiche da Globo e outras mídias amestradas.

Nesta nova pauta — de guerra ao ‘crime’ — não o de colarinho branco — não há espaço algum para a lava jato. Por isso a força-tarefa do juiz Sérgio Moro respira por aparelhos. Portanto, a operação de hoje pode ser apenas um dos últimos espasmos.

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