Centrais sindicais cogitam abandonar defesa de Dilma, caso governo ataque conquistas dos trabalhadores

No último dia 16, as centrais sindicais foram fundamentais na mobilização contra o impeachment em todo o país; entretanto, segundo nota das principais entidades, Dilma Rousseff (PT) está pagando com traição os trabalhadores que lhe deram a mão; se prosperar as reformas trabalhista e previdenciária, os sindicalistas cogitam romper com o governo federal; CUT, por exemplo, denuncia que o atual ministro Nelson Barbosa repete o discurso do antecessor Joaquim Levy; abaixo, leia notas oficiais da UGT, CUT e Força.
No último dia 16, as centrais sindicais foram fundamentais na mobilização contra o impeachment em todo o país; entretanto, segundo nota das principais entidades, Dilma Rousseff (PT) está pagando com traição os trabalhadores que lhe deram a mão; se prosperar as reformas trabalhista e previdenciária, os sindicalistas cogitam romper com o governo federal; CUT, por exemplo, denuncia que o atual ministro Nelson Barbosa repete o discurso do antecessor Joaquim Levy; abaixo, leia notas oficiais da UGT, CUT e Força.

Centrais sindicais cogitam abandonar Dilma, caso governo ataque conquistas dos trabalhadores

A União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Central Única dos Trabalhadores (CUT), ambas entidades que foram ao combate das ruas contra o golpe, podem abandonar de vez a defesa da presidente Dilma Rousseff (PT) caso o governo leve adiante a Reforma da Previdência e Reforma Trabalhista.

O presidente da UGT, Ricardo Patah, em nota oficial, considera essas reformas “ataques aos direitos e conquistas que a duras penas foram acumulados ao longo da história de lutas da classe trabalhadora brasileira”.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, também em nota oficial, afirma que o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, repete o discurso do antecessor Joaquim Levy.

“O povo quer a Dilma que elegeu. Esse foi o canto que ecoou nas ruas em todas as manifestações que fizemos, especialmente, a do último dia 16, quando milhares de pessoas foram às ruas de mais de 70 cidades do Brasil e o Distrito Federal dizer que quer a Dilma que elegeu”, exortou o dirigente cutista.

Para Miguel Torres, presidente da Força Sindical, o governo quer nas costas dos trabalhadores “apenas para mostrar ao mercado que realmente vai buscar o equilíbrio fiscal”.

Economia

As centrais têm razão na reação, pois essas reformas colocarão em jogo a existência da organização sindical e, com certeza, se levadas a cabo, extinguirão a maioria dos sindicatos brasileiros com o intuito de beneficiar o capital em detrimento do trabalho.

A seguir, leia a íntegra as notas oficiais da UGT e da CUT:

Nota oficial da UGT:

Aumentar exclusão não desenvolve a Nação

Mais uma vez, se anunciam às vésperas do Natal medidas que só fazem prever um Ano Novo repleto de tristezas e incertezas para os trabalhadores e suas famílias.  Novamente, erra no alvo e na forma o Governo Dilma. Atropela o diálogo com as Centrais Sindicais e arbitrariamente aponta a tesoura dos cortes ao muito pouco que o Estado Brasileiro retorna aos trabalhadores efetivamente contribuintes da Previdência Social. Enquanto isso, nada é apresentado para conter a verdadeira sangria do Tesouro Nacional, representada pelos privilégios e favores bilionários que sustentam as castas de uma elite empresarial e política que vive de sugar o Estado Brasileiro.

Escolher este momento de grave crise, com o País à beira da depressão econômica, para propor Reforma da Previdência e Reforma Trabalhista é um verdadeiro crime de lesa-trabalhador. Falar em negociado sobre o legislado, terceirização e outras flexibilizações, enquanto o desemprego cresce descontroladamente é dar cobertura do Governo à negociação entre a corda do patrão e o pescoço da classe trabalhadora.

UNIÃO GERAL DOS TRABALHADORES rejeita e repudia a adoção de medidas nas áreas previdenciária e trabalhista tramadas em gabinetes, à revelia das mesas de negociação e concertação das quais participam as Centrais Sindicais e as organizações de aposentados. Reafirmamos nosso empenho pela adoção dos consensos estabelecidos no Compromisso Pelo Desenvolvimento, firmado entre as Centrais Sindicais e setores empresariais realmente preocupados em tirar o Brasil do atoleiro em que foi lançado.

Por tudo isso, a UGT conclama os brasileiros e suas lideranças sindicais a resistirem, por todos os meios ao seu alcance, a mais estes ataques aos direitos e conquistas que a duras penas foram acumulados ao longo da história de lutas da classe trabalhadora brasileira.

Ricardo Patah

Presidente da União Geral dos Trabalhadores

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Nota Oficial da CUT:

A CUT quer a Dilma que o povo elegeu

Em 29 de dezembro do ano passado, a sociedade brasileira foi surpreendida com o pacote de maldades do governo, o chamado ajuste fiscal, que tirou direitos da classe trabalhadora, paralisou a economia e gerou juros altos, recessão e desemprego.

Durante este ano, a CUT lutou, negociou e reivindicou nas ruas mudanças na política econômica e a não retirada de direitos dos/as trabalhadores/as. Simultaneamente, o mandato da Presidenta Dilma Rousseff sofreu ataques dos golpistas, aqueles que não aceitaram o resultado das eleições de 2014. E a CUT, novamente, foi às ruas defender o projeto que ajudou a eleger, a democracia e o respeito à vontade popular que se expressou nas urnas elegendo Dilma.

Nós não temos dúvida nenhuma que foi por conta da reação do povo nas ruas que o mandato de Dilma não foi cassado este ano. Mas, queremos que fique claro, não existe cheque em branco. O povo quer a Dilma que elegeu. Esse foi o canto que ecoou nas ruas em todas as manifestações que fizemos, especialmente, a do último dia 16, quando milhares de pessoas foram às ruas de mais de 70 cidades do Brasil e o Distrito Federal dizer que quer a Dilma que elegeu.

Agora, novamente no fim do ano, assisto atônito as mesmas cenas do ano passado. Muda o ministro da economia, mas não muda a política econômica. Era justamente isso que temíamos. Isso não vai acontecer.

A primeira fala do novo ministro da Fazenda, Nélson Barbosa, é semelhante à primeira de Joaquim Levy. Ele falou em reforma da Previdência Social, retirada de direitos da classe trabalhadora, flexibilização da CLT e ajustes. Há outras possibilidades. Para equilibrar as contas públicas, ao invés de tirar dos/as trabalhadores/as é preciso tirar do capital. Do contrário, gera desconfiança na classe trabalhadora.

Exigimos, e temos autoridade política e sindical para fazê-lo, que nos próximos dias, ao invés desse discurso conservador ultrapassado e subordinado ao mercado, o governo anuncie medidas de interesse da classe trabalhadora, como a retomada do crescimento, com geração de emprego e distribuição de renda.

2016 só será um ano diferente, se o governo agir diferente. Caso contrário, acredito que o governo não terá a mesma sorte que teve em 2015. Os golpistas estão de plantão com pedidos de impeachment ou renúncia. E as ruas só vão defender o projeto democrático popular se tiverem o que defender. A continuidade da atual política econômica, voltada aos interesses do mercado, vai gerar mais inflação, desemprego e cortes nas políticas sociais.

Para a CUT, qualquer discussão sobre direitos sociais, dos/as trabalhadores/as e Previdência Social tem de ser debatida no âmbito do Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda, criado pelo governo este ano, espaço onde os/as trabalhadores/as e a sociedade podem se manifestar e defender seus direitos e interesses. Nenhum direito menos. Não ao golpe. E pelo fim do ajuste fiscal, e uma nova política econômica.

Vagner Freitas

Presidente da Central Única dos Trabalhadores

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Nota Oficial da Força:

Não à retirada de direitos

Causou-nos estranheza o anúncio do governo de que fará reformas trabalhista e previdenciária estabelecendo um limite de idade para a aposentadoria, apenas para mostrar ao mercado que realmente vai buscar o equilíbrio fiscal.

Vale lembrar que, mais uma vez, o governo quer fazer uma reforma nas costas do trabalhador. No final do ano passado, o governo editou duas medidas provisórias, MPs 664 e 665, com o intuito de fazer um ajuste fiscal, mas que penalizou muito, e tão somente, os trabalhadores.

Repudiamos estas reformas feitas na calada da noite. Toda e qualquer modificação nas leis que regem as áreas trabalhista e previdenciária devem ser feitas de forma democrática e transparente e com os legítimos representantes dos trabalhadores.

A Força Sindical continuará na luta por uma sociedade mais justa, com a valorização dos trabalhadores da ativa e dos aposentados, por mais empregos, saúde e educação, não apenas no discurso, mas nas negociações com os diversos setores da sociedade.

Miguel Torres,
Presidente da Força Sindical

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