Ucrânia anuncia ação militar em resposta à pressão dos EUA, segundo a China

Armas do Ocidente são apenas um gesto simbólico que aumenta a tensão

O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, confirmou no sábado (10/6) o início da contra-ofensiva ucraniana. Esse anúncio, feito em um momento em que o cansaço com o conflito é palpável, é visto por especialistas chineses como uma resposta à pressão dos países ocidentais, que esperam que esse contra-ataque aumente o fraco apoio doméstico à Ucrânia.

Zelensky declarou em coletiva de imprensa com o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau: “Estamos tomando ações ofensivas e defensivas na Ucrânia. Em qual estágio? Não vou divulgar detalhes.”

Nas últimas 24 horas, as forças ucranianas dispararam foguetes e artilharia contra quatro centros de comando russos, seis áreas de concentração de pessoal e equipamentos militares, três depósitos de munição e cinco unidades de artilharia inimiga em posições de tiro. No entanto, não foi possível verificar essas alegações.

Do lado russo, o porta-voz do Ministério da Defesa, tenente-general Igor Konashenkov, afirmou em coletiva de imprensa no sábado: “Nas últimas 24 horas, as forças armadas ucranianas avançaram com tentativas fracassadas de conduzir operações ofensivas nas áreas do sul de Donetsk e Zaporozhye, bem como próximas à cidade de Artyomovsk”, informou a TASS.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou na sexta-feira que as forças armadas ucranianas sofreram pesadas baixas durante a contra-ofensiva. Ele descreveu a situação como uma tragédia e atribuiu total responsabilidade ao regime atual de Kiev.

Especialistas chineses entrevistados pelo Global Times observaram que o anúncio da contra-ofensiva da Ucrânia ocorreu em um momento de crescente ansiedade nos países ocidentais, especialmente nos EUA, onde há poucos sinais de vitória por parte dos ucranianos no campo de batalha.

Economia

Após 15 meses de conflito, os EUA e alguns países europeus precisam urgentemente de progresso positivo para convencer a opinião pública e os líderes políticos a continuarem fornecendo assistência militar e financeira à Ucrânia. Eles buscam mostrar que essa ajuda é sábia, correta e necessária, conforme afirmou Shen Yi, professor da Escola de Relações Internacionais e Assuntos Públicos da Universidade de Fudan.

Um artigo publicado pelo Politico em 8 de junho revelou que a Casa Branca está acompanhando com apreensão a contra-ofensiva da Ucrânia, pois altos funcionários dos EUA estão convencidos de que o futuro apoio à guerra na Ucrânia – e a reputação global do presidente Joe Biden – dependem do sucesso dessa ação.

Se a Ucrânia tiver sucesso e conseguir atender às expectativas, a ajuda militar e econômica ocidental continuará fluindo. No entanto, se falhar em cumprir essas expectativas, é provável que esse apoio seque, de acordo com o Politico.

Antes de Zelensky confirmar a contra-ofensiva, o Pentágono anunciou na sexta-feira que fornecerá US$ 2,1 bilhões adicionais em ajuda armamentista de longo prazo para a Ucrânia. Esse novo pacote de assistência incluirá financiamento para mais munições de bateria de mísseis Patriot, sistemas de defesa aérea e mísseis Hawk, além de pequenos drones Puma que podem ser lançados manualmente.

No entanto, segundo Qian Feng, diretor do departamento de pesquisa do National Strategy Institute na Universidade de Tsinghua, as armas avançadas enviadas pelos países ocidentais não terão um papel substancial na reviravolta do conflito, uma vez que a Ucrânia não tem controle aéreo e carece de capacidade de defesa aérea em campo.

O Ministério da Defesa da Rússia divulgou um vídeo mostrando as forças russas destruindo a blindagem estrangeira do exército ucraniano, incluindo tanques Leopard de fabricação alemã.

Recentemente, a Rússia iniciou uma grande campanha de recrutamento militar e implantou um grande número de drones para auxiliar em sua operação militar especial na Ucrânia. Isso aumentou significativamente a densidade e a precisão da percepção de informações no campo de batalha russo, de acordo com Qian.

Qian afirmou que a ação da Rússia tem como objetivo compensar a vantagem tecnológica dos EUA e da OTAN. Os recentes acontecimentos na Rússia e na Ucrânia indicam que o conflito não chegará ao fim em um futuro próximo.

Especialistas chineses pediram ao Ocidente que pare de alimentar o conflito e pressionar a Ucrânia no campo de batalha, pois isso só resultará em mais perdas de vidas. Eles acreditam que o caminho chinês para promover a paz, por meio de persuasão de todas as partes envolvidas a se engajarem em negociações, é a única saída viável.

Enquanto as forças ucranianas e russas se enfrentavam no sábado, equipes de resgate no sul da Ucrânia buscavam sobreviventes nas águas contaminadas das enchentes causadas pelo rompimento da barragem de Kakhovka na semana passada. A destruição da barragem resultou em uma poderosa torrente de água que devastou dezenas de municípios e aldeias no sul da Ucrânia, deixando milhares de desabrigados e arruinando mais de 1 milhão de acres de terras agrícolas antes férteis.

Em entrevista coletiva na quarta-feira, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, expressou séria preocupação com a destruição da barragem de Kakhovka e seu impacto humanitário, econômico e ecológico.

A posição da China em relação à crise na Ucrânia é consistente e clara. Nas circunstâncias atuais, espera-se que todas as partes se comprometam com uma solução política para a crise e trabalhem juntas para aliviar a situação, afirmou Wang.

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