Trump elogia Lula na ONU e fala em “química excelente” com brasileiro

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu ao mundo em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, nesta terça-feira (23/9). O republicano disse ter sentido “uma química” com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem abraçou nos corredores da sede das Nações Unidas. Trump anunciou ainda que terá uma reunião com o presidente brasileiro na semana que vem para tratar do tarifaço de 50% contra produtos nacionais e das relações diplomáticas entre os dois países.

Lula abre Assembleia com críticas duras

Mais cedo, Lula havia sido o primeiro chefe de Estado a discursar, como manda a tradição diplomática. O petista foi aplaudido diversas vezes ao defender que a soberania dos povos é inegociável, denunciar a sobretaxa imposta por Washington, lembrar a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 e criticar o genocídio em Gaza. Lula também apoiou Cuba e Venezuela e pediu maior protagonismo para o chamado Sul Global, cobrando cadeiras permanentes no Conselho de Segurança da ONU.

Amor à primeira vista?

No púlpito, Trump reforçou a narrativa pessoal: “Ele gosta de mim e eu gostei dele. Tivemos uma ótima química. E eu só faço negócios com pessoas de quem gosto.” O americano contou que a conversa durou “uns 20 ou 30 segundos”, mas classificou o momento como “um bom sinal”. Fontes do Itamaraty confirmaram que a reunião entre os dois presidentes já está em negociação, mas não esclareceram se será presencial ou virtual.

Crise do tarifaço e sanções

A aproximação contrasta com a escalada da crise entre os dois países desde julho, quando Trump anunciou a sobretaxa de 50% a produtos brasileiros. O republicano justificou a medida como reação ao julgamento de Jair Bolsonaro (PL) pelo STF, condenado por tentativa de golpe. Além disso, o governo Trump sancionou ministros e familiares de autoridades brasileiras, incluindo Viviane Barci de Moraes, mulher de Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky.

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Lula reagiu dizendo que “o Brasil não se curvará a agressões contra sua soberania”. Em entrevistas em Nova Iorque, o presidente reafirmou estar disposto a negociar, mas deixou claro que a questão da independência nacional “não está em jogo”.

Trump improvisa e ataca ONU

No discurso de mais de uma hora, Trump também criticou a ONU, disse que “palavras vazias não encerram guerras” e exaltou seu governo como responsável pelo fim de “sete conflitos”. Chamou energias renováveis de “piada” e minimizou as mudanças climáticas. O único momento em que arrancou aplausos foi ao pedir cessar-fogo na Faixa de Gaza. O presidente americano ainda condenou países que reconheceram recentemente o Estado palestino, entre eles Reino Unido e França.

Lula foca em multilateralismo e desigualdade

Ao contrário, Lula insistiu que a única guerra capaz de trazer vitória para todos é contra a fome. Destacou que o Brasil voltou a sair do Mapa da Fome em 2025 e lançou no G20 a Aliança Global pelo combate às desigualdades, já apoiada por 103 países. O petista ainda defendeu a COP30, em Belém (PA), como a “COP da verdade”, cobrando mais responsabilidade climática dos países ricos.

Lula vs. Trump

O encontro de sorrisos e abraços entre Trump e Lula expõe a ambiguidade de uma relação marcada por sanções e ataques públicos. Enquanto o republicano insiste em punir o Brasil em nome de interesses eleitorais, o presidente brasileiro tenta pavimentar uma saída diplomática pela via da negociação e do multilateralismo. O amor à primeira vista anunciado por Trump pode não resistir ao choque de projetos tão distintos, mas abre uma janela de oportunidade para atenuar a guerra comercial em curso.

O Blog do Esmael seguirá acompanhando os bastidores dessa relação explosiva.

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