Ricardo Barros pode arrastar Ratinho Junior para o escândalo das vacinas; saiba como

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) adiantou que o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, será convocado pela CPI da Covid na semana que vem. O problema é que “Leitão Vesgo”, como é conhecido o político nos bastidores, pode arrastar o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), para o olho do furacão. Explica-se.

Na primeira quinzena de março, o Blog do Esmael havia anota que Barros poderia ser investigado pelo envolvimento na compra de vacina russa Sputnik V. A suspeita era que o líder do governo tentou interferir na compra de 39 milhões de doses da vacina Sputnik pelo Consórcio de Governadores do Nordeste. Ricardo Barros teria tentado condicionar o negócio ao laboratório particular.

Para melhor compreensão da questão, em agosto de 2020 o governador do Paraná havia anunciado que o estado iria fabricar a vacina russa Sputnik V no Tecpar –Instituto de Tecnologia do Paraná, que recebeu aportes públicos para tal.

Na época, em nota ao Blog do Esmael, Ricardo Barros jurou que não era proprietário de um laboratório e que tentou adquirir vacina russa por meio do Tecpar, o laboratório público do Paraná.

O líder do governo, na nota de 15 de março passado, atribuiu ao ex-ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff (PT) a história da Sputnik V. Segundo o parlamentar, “é totalmente inverídica a afirmação do ex-procurador do MPF e ex-ministro da Justiça de Dilma Rousseff, Eugênio Aragão, e que teria atuado para beneficiar um laboratório privado na negociação da aquisição da vacina russa Sputnik V.”

“Eu luto pelo Tecpar, mas o laboratório não é meu, é do Paraná”, afirmou na nota.

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Embora estivesse com um olho na vacina russa Sputnik V, Barros também estava com o outro olho na vacina indiana Covaxin. E isso ajuda o leitor a compreender melhor o apelido de “Leitão Vesgo” no Paraná: “mama numa teta, de olho noutra teta”. Ou seja, Ricardo Barros arrasta o governador do Paraná, Ratinho Júnior, para o escândalo das vacinas em que o presidente Jair Bolsonaro está envolvido até o pescoço.

Também no mês de março, por volta do dia 20, o presidente Jair Bolsonaro disse que o responsável pelo escândalo com a vacina indiana Covaxin era seu líder na Câmara, o deputado Ricardo Barros, e o manteve no cargo mesmo com a denúncia. Esses meandros vieram à tona na noite dessa sexta-feira (25/6) na CPI da Covid, quando o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, e seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), depuseram na comissão de investigação.

Se Bolsonaro manteve Barros na função de líder na Câmara, a despeito do escândalo, Ratinho Junior lhe propôs no Paraná uma aliança político-eleitoral para 2022. O governador sugeriu que o PP do líder de Bolsonaro indicasse o vice na sua chapa para disputar a reeleição do ano que vem.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmmann (PT-PR), resumiu o governo num tuíte: “Bolsonaro tem muita explicação a dar sobre a Covaxin, não adianta dar chilique e sair atacando todo mundo. A citação de Ricardo Barros, líder do governo, é grave e saiu da boca do próprio presidente. Além de genocida, corrupto.”

“Foram apresentados aqui todos os elementos de um crime cometido pelo presidente da República. O senhor presidente, através de representante de seu governo, dias depois, tenta intimidar as testemunhas que vão depor nesta CPI. Mais grave que tudo isso, ao ser comunicado do feito criminoso, relata ter suspeita de quem estaria operando e providência não é tomada. Estão dados todos os elementos de crime de prevaricação. Tudo isso era por dinheiro. O esquema todo tinha como alicerce um enorme e estruturado esquema de corrupção”, resumiu o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).