Dentro do âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal, um capítulo novo e intrigante foi acrescentado às já complexas revelações do hacker Walter Delgatti Neto.
Em um depoimento de impacto avassalador, Delgatti Neto sustentou que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) teria, pessoalmente, solicitado que ele efetuasse a invasão ao sistema de justiça, com o claro intuito de desacreditá-lo perante a opinião pública.
A presença de Delgatti na CPI do Distrito Federal iniciou-se sob a sombra de uma polêmica.
O hacker, atualmente detido no Presídio de Araraquara, foi inicialmente apresentado aos deputados em correntes, medida que, posteriormente, foi considerada supérflua e prontamente retirada após intervenção do deputado Chico Vigilante.
Foi o próprio Vigilante quem interpelou Delgatti acerca do conhecimento de Bolsonaro em relação a uma alegada solicitação por parte de Carla Zambelli (PL-SP) para inserir um mandado de prisão falso no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), dirigido ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A resposta de Delgatti Neto surpreendeu: “Tanto tinha ciência quanto requisitou a ação.”
Vigilante insistiu na confirmação dessa declaração, e o hacker, de modo enfático, reiterou que Bolsonaro não apenas estava ciente, mas também instigou a execução do ato.
Esse momento crucial do depoimento se caracterizou pela clareza das palavras proferidas por Delgatti Neto e pela veemente ratificação de suas assertivas.
Ademais, Delgatti Neto alegou que Bolsonaro teria solicitado sua intervenção nas urnas eletrônicas.
O hacker também fez menção ao tenente-coronel Mauro Cid, afirmando que há informações indicando que este corroborará tais acontecimentos em seu subsequente depoimento à Polícia Federal.
A sessão se iniciou sob a denúncia de abuso, quando Delgatti foi apresentado acorrentado perante as câmeras, a despeito da presença de seu advogado, Ariovaldo Moreira, que protestou contra essa medida arbitrária.
A solicitação de Chico Vigilante para a retirada das algemas foi prontamente atendida, possibilitando a continuação do depoimento de acordo com os preceitos legais e o respeito aos direitos do acusado.
Um ponto de vital relevância no depoimento foi a alegação de Delgatti Neto de que detém evidências que implicam Carla Zambelli na trama para invadir o sistema do CNJ.
Segundo suas palavras, existe um registro de conversa com a deputada federal em que ela admite sua participação na concepção do falso documento de prisão do ministro Alexandre de Moraes.
Essa revelação lança uma nova perspectiva sobre o caso e suscita indagações acerca do envolvimento de outros atores políticos.
O relator da CPI, João Hermeto de Oliveira Neto, requereu que a conversa gravada fosse disponibilizada à comissão, e Delgatti Neto concordou em discutir o assunto com seu advogado antes de tomar uma decisão final.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.