Reintegração histórica: Ex-funcionária de Itaipu retorna ao trabalho após 46 anos de demissão durante a ditadura militar

Após uma batalha judicial de oito anos, finalmente foi feita justiça para Sonia Lucia Castanheira, uma ex-funcionária da Itaipu Binacional demitida em 1977 por perseguição política durante a ditadura militar. Neste dia 10 de julho, 46 anos após sua demissão, Sonia foi reintegrada ao quadro de funcionários da empresa, em um reconhecimento tardio, mas significativo.

O Blog do Esmael vem acompanhando essa história desde 2017, quando registrou uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR).

A luta pela reintegração de Sonia foi longa e árdua, mas graças aos esforços dos advogados Daniel Godoy Junior e Andrea Godoy, seu direito foi finalmente reconhecido. Eles expressaram sua gratidão jurídica e moral ao verem os frutos de anos de trabalho em prol da justiça.

A demissão de Sonia, ocorrida durante um período obscuro da história brasileira, foi baseada em suspeitas infundadas de envolvimento com terrorismo. Somente em 2012, com a abertura dos documentos da ditadura militar pela Lei da Anistia, ela descobriu as razões de seu desligamento. Ela e seu então marido, Dario Anibal Galindo, também ex-funcionário da Itaipu, foram acusados injustamente de serem terroristas.

Os documentos revelaram que Sonia e Dario foram retratados como elementos de “infiltração comunista” em relatórios da época, emitidos pelo Serviço Nacional de Informações (SNI). Essas falsas acusações tiveram um impacto devastador em suas vidas, forçando-os a deixar suas casas e famílias. No entanto, Sonia sempre manteve sua inocência e lutou para reescrever sua história e limpar seu nome.

Após décadas de espera, a reintegração de Sonia à Itaipu é um marco importante não apenas para ela, mas também para a empresa e a sociedade em geral. A iniciativa da Itaipu Binacional de reparar o erro histórico cometido durante a ditadura militar é um passo significativo em direção à restauração da dignidade daqueles que foram afetados por atos injustos e violações dos direitos humanos.

Economia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi parabenizado pela conquista, assim como os dirigentes da Itaipu, incluindo Enio Verri, diretor-geral, e Luiz Carlos Delazari, diretor jurídico. Além disso, os advogados, os magistrados do trabalho e todos os envolvidos que contribuíram para esse momento histórico também foram reconhecidos.

Ao receber seu crachá funcional das mãos do diretor-geral brasileiro, Sonia expressou sua emoção e ressaltou a importância do reconhecimento da injustiça que sofreu. Ela afirmou que não guarda rancor da Itaipu, pois amava a empresa e não entendia o motivo de sua demissão.

Essa reintegração histórica de Sonia Castanheira é um símbolo do compromisso com a democracia, a liberdade e o respeito aos direitos humanos tanto da Itaipu Binacional, lado brasileiro, e do governo Lula. Representa um avanço significativo na busca pela verdade, pela justiça e pela reparação dos danos causados durante um período sombrio da história brasileira. Que este momento possa servir como um lembrete constante de que erros do passado não devem se repetir, e que a democracia sempre prevaleça.

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