A convocação do PT para ocupar as ruas no domingo, dia 14, transforma a mobilização contra a anistia e a redução de penas dos golpistas no primeiro grande teste político de Guilherme Boulos (PSOL), novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência e responsável por conectar o governo Lula (PT) à base social do país. A reação veio após a Câmara aprovar, em horas de turbulência e agressões, o pacote que abre caminho para beneficiar Jair Bolsonaro.
O presidente do PT, Edinho Silva, puxou o chamado. Ele afirmou que os atos são uma defesa direta da democracia, dos direitos sociais e do devido processo legal que condenou os articuladores do golpe de Estado de 8 de janeiro.
“Nossa militância, movimentos populares, sindicais e partidos do campo democrático estarão nas ruas para proteger o essencial, a democracia e os direitos de todo o povo”, disse.
Em outra fala, Edinho foi ainda mais duro:
“Redução de pena para golpistas assassinos? Não dá. Vamos para as ruas.”

A pressão nasce de uma noite marcada por repressão na Câmara, denúncias de violência contra parlamentares e jornalistas e a retirada à força do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da cadeira da Presidência.
A aprovação da chamada “dosimetria” unificou punições, abriu a porta para progressão acelerada e reduziu o encarceramento de condenados por crimes contra o Estado Democrático de Direito.
Parlamentares do campo progressista viram chantagem política no movimento que viabilizou o texto, alinhando interesses da família Bolsonaro e líderes da oposição para reorganizar o tabuleiro de 2026.
As denúncias reverberaram na voz da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), que classificou a manobra como um retrocesso estratégico contra a democracia.
No Senado, a aprovação do marco temporal completou o cenário de ruptura, impondo limites inconstitucionais à demarcação de terras indígenas. O STF já havia declarado a tese inviável por violar direitos originários, mas a maioria da Casa sustentou a mudança constitucional.
A convocação de domingo mira esse conjunto de retrocessos e recoloca o PT no centro da mobilização de rua, método histórico de pressão popular.
Para Lula, o ato também serve como vitrine para a estreia de Boulos no comando político da Secretaria-Geral, encarregado de reorganizar a conexão do governo com movimentos sociais após semanas de tensionamento em Brasília.
Os organizadores tratam a mobilização como um divisor de águas, tanto para barrar o avanço da anistia quanto para medir a temperatura social diante de um Congresso que aprovou, em sequência, medidas contrárias a direitos, transparência e garantias democráticas.
No Planalto, a ordem é clara: ocupar as ruas, disputar a narrativa e demonstrar força diante de um Legislativo que flerta com o passado autoritário.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.




