O ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro, enfrenta a iminência de ter seu destino decidido nos tribunais. O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) está agendado para julgar, nos dias 1º, 2 e 3 de abril, o caso que envolve caixa dois e abuso de poder econômico durante as eleições de 2022, quando Moro se candidatou ao Senado pelo União Brasil, seção Paraná.
À medida que a Operação Lava Jato celebra seus 10 anos, é notório que seus principais protagonistas enfrentam agora a escrutínio jurídico pelos erros e crimes cometidos durante a empreitada. Deltan Dallagnol (Novo), ex-procurador e ex-deputado cassado, encontra-se inelegível após ser removido por fraude à lei. Sergio Moro, por sua vez, terá seu julgamento no TRE-PR, lançando uma sombra sobre sua carreira política.
Não é possível abordar os 10 anos da Lava Jato sem examinar o impacto devastador que essa operação teve na economia brasileira. Segundo cálculos do Dieese, cerca de 5 milhões de empregos foram perdidos, e a indústria pesada nacional sucumbiu às investidas da força-tarefa de Curitiba. Empresas renomadas como Odebrecht, OAS, UTC, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia e Camargo Corrêa foram duramente afetadas.
O saudoso jornalista Paulo Henrique Amorim (†10/07/2019), em sua análise perspicaz no Conversa Afiada, destacava o papel crucial desempenhado pela Globo na criação de Sergio Moro e na promoção da Lava Jato. Essa operação, por sua vez, pavimentou o caminho para a ascensão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A prisão ilegal de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2018, em Curitiba, é apontada como um ato para assegurar a vitória de Bolsonaro.
Na esteira da Lava Jato, o Brasil enfrentou uma série de desafios, desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) até a precarização da mão de obra com a reforma trabalhista. A privatização de empresas estratégicas, como refinarias da Petrobras e a Eletrobras, assim como os desinvestimentos em instituições como BNDESPar e CaixaPar, revelam uma realidade que permanece oculta aos brasileiros.
A sociedade brasileira, ciente dos fiascos e desgraças causados pela Lava Jato, agora busca reparação política, econômica e social. Nos dias 1, 2 e 3 de abril, a expectativa é de que o país dê um passo em direção à luz, com a possível cassação do senador Sergio Moro, uma figura que já foi um algoz na Lava Jato e parceiro de Deltan Dallagnol.
Apesar da comemoração dos 10 anos pela velha mídia, é inegável que a Lava Jato teve seu desfecho em 2021. Contudo, os efeitos deletérios dessa organização continuam a afetar negativamente os brasileiros. A recuperação de empresas públicas, da engenharia pesada e a revogação de leis que impactam os trabalhadores e empobrecem a sociedade podem levar décadas.
O Blog do Esmael, ao longo desses últimos dez anos, desempenhou um papel fundamental ao denunciar a manipulação dos processos contra Lula, cobrir diariamente o movimento de resistência em Curitiba e amplificar as vozes censuradas pela velha mídia golpista. A colunista e dirigente do PT, Gleisi Hoffmann, contribuiu para o contraponto necessário às fake news da Lava Jato e dos jornalões.
À medida que refletimos sobre os 10 anos da Lava Jato, é imperativo adotar uma perspectiva crítica e avaliar os impactos reais dessa operação. A destruição econômica, a polarização política e a desconfiança nas instituições são cicatrizes que demandam atenção e esforço contínuo para a construção de um Brasil mais justo e equitativo.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.