O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou otimismo em relação a um possível acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Durante uma entrevista coletiva em Paris, antes de retornar ao Brasil, Lula afirmou que a resposta dos países sul-americanos em relação à carta adicional dos europeus será dada até o final de 2023. Ele ressaltou que o protecionismo tem sido um obstáculo na aprovação do acordo. Abaixo, você assiste a íntegra da entrevista.
“Acredito que até o final do ano teremos uma decisão sobre o assunto. Precisamos fazer o acordo com a União Europeia, assim como eles precisam do Mercosul, da América do Sul e da América Latina. Embora existam pontos de tensão, vamos buscar melhorar outras questões”, declarou o presidente.
Lula destacou as dificuldades enfrentadas pelo presidente francês Emmanuel Macron no Congresso francês, afirmando que é compreensível o posicionamento do país em defesa de sua agricultura. “Ele tem enfrentado desafios no Congresso, mas se pudermos conversar com nossos amigos mais à esquerda para obter apoio à aprovação do acordo no Mercosul, faremos isso. O protecionismo não é a solução”, ressaltou Lula.
O presidente criticou o protecionismo adotado pelos países ricos, afirmando que, embora a abertura e o livre comércio sejam propagados como benéficos, quando se trata de competir em igualdade de condições, esses mesmos países se tornam protecionistas.
Durante sua visita a Paris, Lula teve uma reunião bilateral com Macron, na qual discutiram a aprovação de uma resolução contrária à ratificação do acordo Mercosul-União Europeia pela Assembleia Nacional francesa. Lula manifestou sua oposição à flexibilização das regras sobre compras governamentais previstas no acordo.
Além disso, o presidente destacou a importância do assunto para a reunião da Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe (Celac), que ocorrerá em Bruxelas, capital da Bélgica, nos dias 17 e 18 de julho. Ele expressou o desejo de estabelecer uma nova rodada de negociações visando a um acordo também entre a UE e a Celac.
Ao final da coletiva, Lula fez uma breve avaliação de suas agendas na Itália e na França, enfatizando a importância de retomar as relações com esses países e discutir questões econômicas e climáticas. Ele ressaltou a necessidade de uma governança global forte e criticou a falta de efetividade dos acordos internacionais nos congressos nacionais.
Em relação à luta contra a desigualdade social, Lula reforçou a necessidade de se indignar como sociedade diante dessa realidade e mencionou a importância de abordar questões como o Haiti em reuniões internacionais.
No entanto, o presidente Lula não quis comentar sobre a rebelião do grupo Wagner na Rússia, que tenta um golpe para derrubar o presidente Vladimir Putin. O mandatário afirmou que é contra a guerra e que ainda não tem informações claras para emitir uma opinião sobre a tensão em Moscou. “Eu sou pela paz, não sou favorável à guerra.”
Com o retorno ao Brasil, Lula expressou sua satisfação com os encontros realizados na Itália e na França, ressaltando a expectativa de bons resultados para o futuro do país.
Assistir a íntegra da entrevista de Lula:
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