A colaboradora Nelma Kodama, também conhecida como a “Dama do Mercado” ou “Imperatriz da Lava Jato”, teve seu acordo de colaboração premiada revogado pelo juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba. Além disso, a possibilidade de ela responder à ação em liberdade também foi revogada. Nelma foi presa em 2014 no Aeroporto de Guarulhos tentando embarcar para Milão com 200 mil euros ocultos na calcinha e, desde então, tem uma vasta ficha criminal.
O magistrado destacou que as cláusulas do acordo fechado entre Nelma e o MPF são “bastante claras” quanto à obrigação da doleira de “se abster de novas práticas criminosas”. No entanto, a “Dama do Mercado” voltou a ser presa em abril de 2019 pela Polícia Federal por tráfico de drogas entre Portugal e Brasil, e segue presa na Bahia.
Appio justificou sua decisão, destacando que a doleira não pode responder ao processo por falso testemunho em liberdade, já que “já deu sobradas razões para se afirmar que, caso solta, poderá voltar a delinquir”.
O magistrado acrescentou que os supostos vínculos de Nelma com o tráfico internacional e sua vasta ficha criminal no Brasil aumentam a possibilidade de ela se evadir do país para evitar a incidência da lei penal brasileira.
Com o despacho, será retomada a ação penal aberta em setembro de 2019 contra a doleira por suposto falso testemunho envolvendo a investigação de policiais que teriam fabricado dossiê com dados funcionais sigilosos e inverídicos sobre a Operação Lava Jato.
A “Dama do Mercado” ou “Imperatriz da Lava Jato” foi alvo da primeira fase da Lava Jato em 2014, quando tentava embarcar para a Europa com dinheiro na calcinha.
Nelma Kodama foi uma das primeiras delatoras da operação e a primeira doleira a fechar um acordo de colaboração premiada com a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. No entanto, agora, o magistrado Eduardo Appio decidiu revogar esse acordo devido às suspeitas de que ela voltou a praticar crimes.
“Falsa delação por um prato de comida”
Reportagem do jornalista Marcelo Auler, no Diário do Centro do Mundo, o DCM, em 14 de maio de 2020 trouxe a seguinte manchete: “Crimes da Lava Jato II: Nelma Kodama e a falsa delação por um prato de comida“. O texto do competentíssimo Auler relata um caso de falsa delação premiada envolvendo a doleira Nelma Kodama e a finada Operação Lava Jato em Curitiba.
[Aqui está a íntegra da decisão do juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba.]
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