Intensificar a denúncia dos crimes de Bolsonaro na reta final da campanha

Por Milton Alves*

A Esquerda deve falar a verdade e de verdade ao povo na campanha eleitoral em curso. Dizer com todas as letras e em alto e bom som quem é o responsável político pela tragédia do desemprego, da volta da inflação, da fome e do avanço das mortes pelo novo coronavírus – que já ceifou a vida de mais de 160 mil brasileiros. Uma guerra cotidiana contra a vida estimulada pelo governo Bolsonaro, que age de forma negacionista e faz pouco caso da batalha contra a evolução da pandemia.

Os candidatos progressistas e de esquerda precisam intensificar a denúncia, nacionalizando o debate político e eleitoral. É a hora da verdade para ganhar a confiança do eleitor e transformar em voto de protesto contra o governo Bolsonaro. Os candidatos bolsonaristas desabam em São Paulo e no Rio. E em diversas capitais, como em Porto Alegre e Belo Horizonte, amargam baixos índices de aprovação, segundo as mais recentes pesquisas.

O cenário aponta para uma derrota fragorosa de Bolsonaro, que começou a gravar mensagens de apoio aos candidatos de seu campo na tentativa de reverter o resultado adverso. Além da escalada industrial de fake news e calúnias contra os candidatos de esquerda. Nessa semana, Boulos (PSOL), em São Paulo, e Luizianne Lins (PT), em Fortaleza, já foram atacados de forma sistemática pelas milícias digitais bolsonaristas. A ciber guerra suja vai se intensificar nos próximos dias.

Por sua vez, os partidos da velha direita neoliberal tentam recuperar o espaço político perdido para a extrema-direita bolsonarista. No Rio, Salvador, Recife e São Luiz aparecem com bom desempenho eleitoral até o momento.

As candidaturas majoritárias do PT, PSOL, PCdoB (e de setores populares do PDT e PSB) devem apontar a cumplicidade dos partidos da direita tradicional – PSDB, DEM, PSDB – com o descalabro provocado por Bolsonaro no país. Afinal, todas essas forças têm em comum a agenda regressiva de aplicação do ajuste fiscal nos municípios, privatização dos serviços públicos e de arrocho no funcionalismo municipal.

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Algumas candidaturas de esquerda ainda priorizam um discurso localista, com apresentação apenas de propostas melhoristas, uma tentativa ingênua e até canhestra de fugir das causas reais dos problemas enfrentados pela população pobre das grandes cidades brasileiras, abandonadas à própria sorte – esmagadas socialmente e sem perspectivas de melhoria real nas atuais condições de vida.

Somente uma campanha viva, de denúncia concreta dos crimes de Bolsonaro e de seus aliados, abrirá espaço para o avanço eleitoral e social da esquerda nas capitais e cidades polos do interior. É o papo reto na campanha, sem rodeios, que derrotará a demagogia e as falsidades do bolsonarismo e das raposas felpudas da velha direita.

A esquerda para reocupar o espaço político e acumular forças tem que fazer uma aposta no enfrentamento direto com o governo bolsonarista e sua política neoliberal: ampliar a denúncia das mazelas impostas ao povo pobre, cobrar com firmeza os crimes perpetrados em plena pandemia contra os direitos dos trabalhadores e atuar com nitidez em defesa de um programa democrático-popular e anti-imperialista. Ou seja, mobilizar as energias dos setores populares para pôr fim ao governo de destruição do país.

A única saída política que interessa aos trabalhadores na atual encruzilhada histórica do país é pela esquerda – somente pela esquerda vamos derrotar o monstro bicéfalo do fascismo e do neoliberalismo.

*Milton Alves é ativista político e social. Autor dos livros ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada contra Lula e o PT’ (2019) e ‘A Saída é pela Esquerda’ (2020) – que será lançado no próximo dia 7 de novembro em Curitiba.