Engenheiros da AEPET pedem a Lula que vete Jean Paul Prates na Petrobras por perfil privatista

  • Associação prepara manifesto de 500 engenheiros em apoio a Requião na presidência da Petrobras

O engenheiro quimico Felipe Coutinho, vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), em artigo publicado no site da entidade, pede ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva que proteja a estatal petrolífera das intenções privatistas do senador Jean Paul Prates (PT-RN), que, já em 1997, sustentara que a privatização da companhia seria viável em três anos.

Segundo a AEPET, Prates foi entusiasta da quebra do monopólio estatal do petróleo exercido pela Petrobrás, no governo FHC, em 1997. Defendeu a privatização da Petrobrás, participou da elaboração da Lei do Petróleo (Lei No 9478/97) e foi redator do Contrato de Concessão. Desde 1991, atuou como empresário e consultor das petrolíferas que pretendiam explorar o petróleo e o mercado brasileiros, através da Expetro Consultoria.

O engenheiro químico Coutinho ainda recorda que no início do primeiro governo Lula, em 2003, Jean Paul Prates foi um crítico da política de conteúdo nacional nos investimentos da Petrobrás.

O que é mais grave, de acordo com o vice-presidente da AEPET, é o fato de que Jean Paul Prates foi um ativo porta voz dos interesses das petrolíferas privadas, em especial das maiores multinacionais estrangeiras. Incentivou a aceleração dos leilões e a promoção da participação das petrolíferas estrangeiras.

Felipe Coutinho acreita que o senador do Rio Grande do Norte seria um nome que vestiria bem até no governo de Bolsonaro, sob o comando do “sinistro” Paulo Guedes.

“Prates foi crítico da participação relevante da Petrobrás no refino e produção de combustíveis no Brasil. Defendeu a internacionalização dos preços dos combustíveis para viabilizar a lucratividade das petrolíferas concessionárias, ao vender petróleo no mercado nacional”, escreve o dirigente da AEPET.

Economia

O engenheiro químico ainda puxa que depois da descoberta do pré-sal pela Petrobrás, em 2006, Prates foi contrário a Lei da Partilha que garantia a Petrobrás como operadora única e a participação da União com a propriedade de uma parte do petróleo produzido.

“Jean Paul Prates foi um ativo porta voz do mercado (das petrolíferas estrangeiras) ao criticar reiteradamente a Lei da Partilha”, agrava Coutinho, que estabelece: “As opiniões e a atuação histórica do senador Jean Paul Prates (PT-RN) são contraditórias e incompatíveis com as políticas defendidas pela AEPET.”

AEPET prepara manifesto em apoio a Requião na presidência da Petrobras

No artigo, a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) defende as seguintes iniciativas relativas ao setor energético e à Petrobrás:

1- Restauração do monopólio estatal do petróleo, exercido pela Petrobrás;

2- Reversão da privatização dos ativos da Petrobrás, destacando a BR Distribuidora, refinarias, malhas de gasodutos (NTS e TAG), distribuidoras de GLP e gás natural (Liquigás e Comgás), produção de fertilizantes nitrogenados (FAFENs), direitos de exploração e produção de petróleo e gás natural e as participações na produção de petroquímicos e biocombustíveis;

3- Reestruturação da Petrobrás como Empresa Estatal de petróleo e energia, dando conta de sua gestão, com absoluta transparência, ao controle do povo brasileiro;

4- Alteração da política de preços da Petrobrás, com o fim do Preço Paritário de Importação (PPI), que foi estabelecido em outubro de 2016, e restauração do objetivo histórico de abastecer o mercado nacional de combustíveis aos menores preços possíveis;

5- Limitação da exportação de petróleo cru, com adoção de tributos que incentivem a agregação de valor e o uso do petróleo no país;

6- Recompra das ações da Petrobrás negociadas na bolsa de Nova Iorque (ADRs);

7- Desenvolvimento da política de conteúdo nacional e de substituição de importações para o setor de petróleo, gás natural e energias potencialmente renováveis;

8- Estabelecimento de um plano nacional de pesquisa e investimentos em energias potencialmente renováveis, sob a liderança da Petrobrás.

A AEPET prepara uma carta ao presidente eleito Lula, assinada por 500 engenheiros, sugerindo o nome do ex-governador e ex-senador do Paraná, Roberto Requião (PT), para a presidência da Petrobras.

Requião foi o presidente de honra da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional, que, nos últimos anos, viajou o Brasil denunciando a privatização do petróleo brasileiro. Ele também foi quem formulou, ainda no Senado, que o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) – e a posterior prisão ilegal de Lula – era pela receita do petróleo, qual seja, o golpe do capital financeiro internacional contara com a efetiva participação da Lava Jato.

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