Ditador de El Salvador se autoproclama vencedor das eleições presidenciais antes da apuração

Com a apuração de 31% dos votos, o candidato do partido governista Novas Ideias, o ditador extremista Nayib Bukele, surge com um apoio de quase 1,3 milhões de votos. Manuel Flores, candidato da FLMN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional), está em segundo lugar, com uma distância significativa, contabilizando apenas 110 mil votos.

Bukele, em um discurso no Palácio Nacional, se autoproclama: “Hoje El Salvador quebrou todos os recordes de todas as democracias em toda a história do mundo.” Uma afirmação ousada respaldada pelos seus dados, alegando uma vitória nas eleições presidenciais com “mais de 85%” dos votos.

Não contente em apenas se declarar vencedor da disputa presidencial, Bukele afirma: “Ganhamos a Assembleia Legislativa com pelo menos 58 dos 60 deputados.” Se confirmados, este feito seria inédito em um país com sistema totalmente democrático, pulverizando a oposição. El Salvador, mais uma vez, faz história.

Durante seu primeiro mandato, Bukele reduziu os níveis de violência a mínimos históricos em El Salvador, transformando-o em um dos países mais seguros das Américas – segundo a mídia conservadora local. No entanto, sua abordagem ferrenha contra as gangues e o regime de emergência resultaram em acusações de detenções arbitrárias, abusos aos direitos humanos e mortes.

O presidente, em seu discurso de suposta vitória, não poupou críticas à imprensa e organizações internacionais que questionaram sua estratégia de segurança. “O povo salvadorenho falou, de forma contundente, na história da democracia.”

Nayib Bukele e sua mamãe no palácio presidencial salvadorenho.

Apesar de altos índices de aprovação, Bukele enfrenta desafios. Com mais de 75 mil pessoas presas sob o regime de emergência, El Salvador ostenta a maior taxa de encarceramento do mundo. A abordagem “mão de ferro” de Bukele dividiu opiniões, com 86% da população aprovando, segundo uma pesquisa da Universidade Francisco Gavidia.

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Com o presidente prestes a alcançar seu segundo mandato consecutivo, resta saber o que ele planeja. Bukele não deu pistas específicas, afirmando apenas: “Agora, nestes próximos cinco anos, esperem e vejam o que vamos fazer. Continuaremos a fazer o impossível, mostrando ao mundo o exemplo de El Salvador.”

No entanto, observadores internacionais veem Bukele gestando um regime ditatorial em El Salvador, parecido com aquele do ex-presidente filipino Rodrigo Duterte, que estabeleceu um culto à morte como plano de governo entre 2016 e 2022, qual seja, uma necropolítica.

Com a promessa de “acabar com as drogas no país custe o que custar”, na época, Duterte deu poderes sem precedentes às polícias locais para eliminar traficantes e usuários de drogas. Defensores dos direitos humanos estimam que, na realidade, ocorrem cerca de 30 mil mortes nesse período de terror estatal filipino.

rodrigo duterte filipinas
Duterte autorizou fuzilar quem não obedecesse a quarentena nas Filipinas, durante a pandemia.

Nayib Bukele, um homem de direita, além de se autoproclamar reeleito antes mesmo da conclusão do pleito, se autodenomina o “ditador mais legal do mundo”.

O presidente Bukele é conhecido na região por suas práticas violentas e demonstrações de poder, como quando invadiu o Congresso escoltado por policiais militares e armados. Ele tem o controle total dos poderes do Estado.

O ditador “mais legal do mundo” substituiu o Supremo Tribunal por novos membros, que mais tarde lhe permitiriam buscar a reeleição, embora a Constituição não o permitisse.

Desde 27 de março de 2022, vigora em El Salvador um estado de exceção cujo decreto autoriza Bukele a praticar atos de violência, possibilitando que ele faça propaganda da suposta diminuição de homicídios no país.

Qualquer semelhança…

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