Datafolha: Aprovação de Lula estável, mas reprovação em alta, diz pesquisa

Passados oito meses de seu terceiro mandato, o presidente Lula (PT) mantém sua aprovação estável, mas enfrenta um aumento na reprovação.

De acordo com a mais recente pesquisa realizada pelo Datafolha sobre o terceiro governo Lula, 38% dos entrevistados consideram o petista como bom ou ótimo, enquanto 30% o classificam como regular e 31% como ruim ou péssimo.

Esses números representam uma pequena oscilação em relação aos primeiros três e cinco meses de seu novo governo.

Foram entrevistadas 2.016 pessoas em 139 cidades durante os dias 12 e 13 de setembro, com uma margem de erro de dois pontos, para mais ou para menos.

A pesquisa do Datafolha foi publicada nesta quinta-feira (14/9) no site do jornal Folha de S.Paulo.

Apenas 2% dos entrevistados não souberam opinar sobre o presidente.

Economia

O único índice que ultrapassou a margem de erro em comparação com a pesquisa de junho passado foi o de reprovação, que naquela época estava em 27%.

No entanto, vale ressaltar que esse aumento na reprovação não pode ser considerado uma disparada significativa.

Uma notícia positiva para o presidente é a estabilidade geral desse quadro, mesmo diante das instabilidades políticas, como as discussões sobre a ampliação do espaço do centrão, um grupo de apoio ao antecessor Jair Bolsonaro (PL).

Após negociações, Lula concedeu ministérios a esse grupo conservador, embora sem garantias de apoio no Congresso.

É interessante observar que o descontentamento em sua base política, devido ao afastamento da ministra Ana Moser (Esporte), não parece refletir na opinião da população em geral.

Isso pode ser atribuído, em parte, ao noticiário extremamente negativo em relação a Bolsonaro, seu principal adversário político, que pode estar mantendo a polarização e impedindo grandes mudanças no eleitorado.

Outro aspecto constante são os indicadores econômicos, que desempenham um papel importante na popularidade dos governantes.

A inflação e o desemprego permanecem sob controle, sendo preocupações mais palpáveis para a população do que o crescimento do Produto Interno Bruto, uma métrica menos tangível para a maioria.

A avaliação do presidente Lula continua a se estratificar de acordo com características demográficas e sociais.

Sua maior taxa de aprovação ainda se concentra na região Nordeste (49%), entre pessoas com menor nível de educação (53%) e aquelas com renda mais baixa (43%).

Por outro lado, sua maior taxa de rejeição se encontra na região Sul (39%), entre os mais escolarizados (39%), na classe média mais abastada (44%) e entre os evangélicos (41%).

É importante notar que Lula tentou se aproximar desse último grupo, mais associado ao bolsonarismo, mas não obteve sucesso.

Um segmento que chama a atenção é o dos jovens de 16 a 24 anos, que representam 17% da amostra.

Nesse grupo, 43% consideram Lula como regular, com taxas mais baixas de rejeição (23%) e aprovação (31%).

No contexto da avaliação de governantes, parte das opiniões regulares tende a ser percebida de forma negativa, apesar dos esforços da propaganda do governo em somar os dados daqueles que consideram o presidente ótimo ou bom.

No aspecto mais desafiador da pesquisa para o presidente, além do aumento na reprovação, está a confirmação do desgaste de sua imagem desde sua reeleição, que foi conquistada com uma diferença de apenas 1,8 ponto percentual sobre Bolsonaro no segundo turno em 2022.

Lula agora possui a maior taxa de reprovação entre governantes eleitos para um primeiro mandato nesse ponto do governo, com exceção de Bolsonaro.

Isso representa uma mudança significativa em relação às duas gestões anteriores, quando seu desgaste era menor.

Em 1995, por exemplo, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tinha apenas 15% de reprovação nesse estágio do governo.

No primeiro mandato de Lula, em 2003, a reprovação era de apenas 10%, enquanto Dilma Rousseff (PT) marcava 11% em 2010.

Bolsonaro, por sua vez, era reprovado por 38% dos eleitores em 2019, inaugurando uma mudança de padrão que pode ser atribuída à turbulência radicalizada de seu governo.

Outro dado preocupante para Lula na pesquisa atual é a expectativa em relação ao seu governo.

Apenas 43% acreditam que ele será ótimo ou bom no futuro, em comparação com os 50% que acreditavam nisso em março.

Aqueles que preveem um governo regular permanecem estáveis, com 26% a 27%, mas aqueles que preveem uma piora, com Lula sendo classificado como ruim ou péssimo, aumentaram de 21% para 28%.

Com base nos dados atuais, o presidente Lula se iguala aos níveis de aprovação de Bolsonaro no mesmo estágio de seus mandatos.

Quanto à avaliação sobre o desempenho de Lula, ela permanece estável em relação à pesquisa anterior.

Apenas 17% acreditam que Lula fez mais do que era esperado, enquanto 53% acham que ele fez menos.

Os mesmos 25% da rodada anterior acreditam que ele cumpriu as expectativas.

Esses números mostram uma ligeira melhora em relação aos indicadores de Bolsonaro no mesmo período de seu governo, que eram de 11%, 62% e 21%, respectivamente.

Em resumo, a pesquisa do Datafolha revela que o presidente Lula mantém uma aprovação estável, mas enfrenta um aumento na reprovação, o que pode ser um sinal de desgaste de sua imagem após a eleição apertada de 2022.

A polarização política continua a ser um fator importante, mantendo sua base de apoio sólida, especialmente entre os nordestinos, os menos instruídos e os mais pobres.

No entanto, Lula enfrenta desafios em regiões do Sul, entre os mais escolarizados, na classe média abastada e entre os evangélicos.

Além disso, a expectativa em relação ao seu governo tem diminuído, com mais pessoas prevendo uma gestão ruim ou péssima no futuro.

Para manter sua popularidade e enfrentar esses desafios, o presidente precisa adotar estratégias eficazes para lidar com as questões que preocupam a população, como a inflação e o desemprego, ao mesmo tempo em que busca conquistar novos públicos e reverter a tendência de aumento na reprovação.

O cenário político e econômico continuará a moldar a avaliação de seu governo nos próximos meses, e será interessante acompanhar como ele abordará esses desafios.

Portanto, fique ligado no Blog do Esmael.

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