Curitiba virou o ponto de partida de um novo movimento nacional contra o orçamento secreto, a anistia a Jair Bolsonaro e a redução de penas para golpistas, reunindo sindicatos e organizações de esquerda que prometem levar o protesto para outras capitais.
Neste sábado (13), o sindicalista Messias Obama das Araucárias percorreu o trajeto da manifestação marcada para este domingo (14), às 14h, na Boca Maldita, Centro da capital paranaense, para “testar o modelito” que virou símbolo do ato. A camiseta traz a frase “Orçamento Secreto, Não! Cutuka que ele cai”, em tom satírico e provocativo.
A expressão faz alusão à assessora Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, citada em investigação da Polícia Federal. Segundo a PF, ela teria o mapa das emendas do chamado orçamento secreto, esquema que concentrou bilhões de reais no Congresso Nacional sem transparência e sob forte suspeita de direcionamento político.
A escolha da ironia como linguagem não é casual. Organizadores avaliam que o desgaste público do orçamento secreto aumentou após decisões do STF e operações policiais, abrindo espaço para pressão popular direta sobre deputados e senadores.
O ato deste domingo, em Curitiba, às 14h, na Boca Maldita, também incorpora a pauta contra projetos que reduzem penas de envolvidos em atos golpistas e contra qualquer tentativa de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), condenado a 27 anos e três meses pela tentativa de golpe de Estado.
Para lideranças sindicais, a combinação dessas agendas revela uma tentativa de autoproteção do Congresso. A leitura é de que o orçamento secreto, a leniência penal e a anistia fazem parte do mesmo movimento de blindagem política.
A mobilização nasce local, mas com ambição nacional. Articulações já estão em curso para replicar o “Cutuka que ele cai” em outras capitais, conectando sindicatos, movimentos populares e partidos de esquerda.
O protesto na tarde deste domingo, na Boca Maldita, é visto como um teste de força e narrativa. Se ganhar corpo, Curitiba pode ter inaugurado um novo slogan de rua contra os bastidores do poder em Brasília.
O humor político costuma revelar verdades incômodas. Ao transformar indignação em palavra de ordem, o movimento aposta na pressão popular como antídoto à opacidade e à impunidade.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.




