O ex-governador Roberto Requião (PT) foi o convidado de honra na abertura do 15º Congresso Estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT) seção Paraná, que ocorreu no último fim de semana em Pontal do Paraná, Litoral do Estado. Em seu discurso, Requião fez críticas contundentes ao atual modelo econômico, ressaltando que o governo ainda não se desvencilhou completamente do bolsonarismo e do neoliberalismo.
O político, conhecido por sua autenticidade e críticas assertivas, não poupou comentários sobre a situação atual do país e deixou claro seu posicionamento contrário às políticas adotadas pelo governo de Fernando Haddad. Ele expressou seu descontentamento com a quantidade de ministérios, a falta de ações em questões fundamentais e a venda de ativos da Petrobras.
Em relação ao Partido dos Trabalhadores, Requião explicou que ingressou no PT após sentir-se profundamente desgostoso com o MDB, partido que integrou por 40 anos. Ele também ressaltou sua admiração por Lula e a importância de ajudar a remover o bolsonarismo do Brasil, levando-o a se filiar ao PT no ano anterior. No entanto, criticou a falta de reconhecimento e inclusão por parte das correntes do partido no Paraná, o que levantou dúvidas sobre seu futuro na sigla.
“Nunca reivindiquei nada, absolutamente nada”, enfatizou Requião ao falar sobre sua postura em relação ao governo e a possibilidade de ocupar um cargo no Conselho de Administração da Itaipu Binacional, convite que recusou. O ex-governador destacou que suas reinvindicações são baseadas nas promessas de campanha de Lula, como o fim do Banco Central independente e a estatização da Eletrobras.
Durante sua fala, Requião também pediu mais “lulismo” no governo, referindo-se à implementação das teses de campanha, à recuperação da soberania nacional e à busca por um projeto de desenvolvimento sustentável, sem alianças com o capital financeiro.
Apesar de suas críticas à equipe econômica liderada por Fernando Haddad, o ex-governador não poupou elogios a Lula, mostrando seu apoio ao presidente e às mudanças propostas durante a campanha.
A participação da CUT no evento foi destacada por Requião, que valorizou o papel do sindicato em pressionar o governo em questões trabalhistas e políticas. Ele afirmou que a resistência e atuação de grupos como a CUT são fundamentais para o avanço de políticas mais inclusivas e alinhadas com os interesses do povo.
O evento foi marcado por uma perspectiva única e detalhada fornecida por Requião, que transmitiu suas críticas e posicionamentos de forma clara e contundente. O público presente no congresso teve a oportunidade de ouvir de perto a visão do político, que flerta com outras possibilidades partidárias, abrindo a possibilidade de deixar o PT e disputar o Senado em uma eleição suplementar no Paraná.
Fica claro que a figura de Roberto Requião continua a ser relevante no cenário político estadual e nacional, oferecendo uma perspectiva crítica e ácida do atual modelo econômico e das políticas do governo, sem deixar de ressaltar seu apoio ao ex-presidente Lula e suas propostas de campanha. A CUT, como organizadora do evento, além de reeleger o bancário Márcio Kieller, proporcionou um espaço para reflexões importantes sobre o futuro político do país e o papel dos trabalhadores nesse contexto.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.