Bolsonaro seguiu a cartilha de Trump, mas também deu errado o não reconhecimento de Lula

A mortal invasão do Capitólio – o congresso americano – em 6 de janeiro de 2021 fazia parte de uma marcha de correligionários de Donald Trump, então derrotado nas urnas, para não transferir o poder para o eleito Joe Biden. Na época, o movimento golpista contou com o entusiasmo do clã Bolsonaro.

O sistema lento de chancela dos resultados eleitorais nos estados americanos corroborou para que essa marcha golpista avançasse como avançou no Capitólio.

Ciente do DNA golpista do presidente cessante brasileiro, Jair Bolsonaro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi ágil em reconhecer a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. Minutos após as urnas eletrônicas confirmarem a derrota de Bolsonaro, o presidente da corte eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, foi a público proclamar o resultado e impeliu o Congresso Nacional a fazer o mesmo.

Ato contínuo, governadores aliados e ministros de Bolsonaro seguiram reconhecendo a derrota do governo e a vitória do oposicionista Lula.

Líderes mundiais – a exemplo de Biden – também foram rápidos em reconher Lula como presidente eleito, o que reduziu muito o espaço para manobras golpistas pelo derrotado Bolsonaro.

Então, o que sobrou para Bolsonaro? A banderna. O derrotado ainda se escora em poucos apoiadores açulados pelo discurso fascista, autoritário, antidemocrático. Eles fecham rodovias e estradas em alguns pontos do país porque foram convencidos de que é possível ignorar a vontade da maioria dos eleitores brasileiros. Contribui para esse autoengano a falta de assertividade do ainda presidente da República e a omissão do bolsonarista comando da Polícia Rodoviária Federal.

Economia

Bolsonaro e seus filhos esperavam uma reação popular de dimensões dantescas, porém, o que se vê nas rodovias, são alguns ‘gatos pingados’ bloqueando ilegalmente as vias públicas.

O clã Bolsonaro imaginava contestar a derrota para Lula com alegações não comprovadas de fraude eleitoral, fake news sobre problemas nas urnas eletrônicas ou mesmo até sobre a [falsa] não veiculação de propaganda eleitoral obrigatória no rádio e na televisão no segundo turno. No entanto, o rápido reconhecimento de Lula como presidente eleito pelas institutições brasileiras e manifestações de governos estrangeiros reduziram para zero o espaço político para aventuras como aquela, nos EUA, que tentaram perpetuar Trump no poder.

Para Biden, a eleição de Lula é uma bênção porque a derrota de Bolsonaro mantém Trump no isolamento mundial. Em 2024, o ex-presidente tentará voltar à Casa Branca.

Fato é que o movimento bolsonarista nas rodovias enfraqueceu e dificilmente se manterá além desta semana. Nesta quarta-feira (02/11), feirado de Finados no Brasil, havia 167 bloqueios em todo o país.

Abaixo, veja os locais que ainda possuem alguma interdição, segundo a PRF:

  • Amapá: sem ocorrências
  • Acre: cinco interdições
  • Alagoas: sem ocorrências
  • Amazonas: três interdições
  • Bahia: um bloqueio
  • Ceará: sem ocorrências
  • Distrito Federal: sem ocorrências
  • Espírito Santo: cinco interdições
  • Goiás: duas interdições
  • Maranhão: sem ocorrências
  • Minas Gerais: 10 interdições e dois bloqueios
  • Mato Grosso: 30 interdições
  • Mato Grosso do Sul: três interdições
  • Pará: 17 interdições
  • Paraíba: sem ocorrências
  • Pernambuco: três interdições e dois bloqueios
  • Piauí: sem ocorrências
  • Paraná: nove interdições e nove bloqueios
  • Rio de Janeiro: sem ocorrências
  • Rio Grande do Norte: sem ocorrências
  • Rondônia: 15 interdições
  • Roraima: sem ocorrências
  • Rio Grande do Sul: uma interdição
  • Santa Catarina: uma interdição
  • Sergipe: sem ocorrências
  • São Paulo: três interdições
  • Tocantins: nove interdições

Em virtude dos bloqueios, 25 voos que sairiam do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, foram cancelados entre segunda e terça-feira. A pista só foi aberta por volta das 10h. No Terminal Rodoviário do Tietê, um dos maiores da América Latina, 880 ônibus foram cancelados.

A CNT (Confederação Nacional dos Transportes) foi ao Supremo Tribunal Federal (STF), na segunda-feira (31/10), pedindo providências para o desbloqueio das rodovias porque essas interrupções estão impactando negativamente a economia, a circulação de pessoas e mercadorias. O minstro da corte suprema Alexandre de Moraes estipulou multa horária de R$ 100 mil por veículo que esteja obstruindo as estradas, no entanto, até agora, não se tem notícia de que os agentes da lei aplicaram essa sanção – ou que algum bolsonarista tenha sido preso.

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