A estratégia [nada] sutil da RPC/Globo na defesa do pedágio no Paraná

Na controvérsia sobre a instalação de novas praças de pedágio nas rodovias do Paraná, a emissora afiliada à Globo, RPC, tem desempenhado um papel intrigante. Sob o disfarce de reportagens sobre o abandono das estradas pelo poder público estadual, a narrativa sutilmente favorece a necessidade e inevitabilidade do pedágio. Mas será essa uma defesa genuína das rodovias ou uma construção ideológica em socorro ao Palácio Iguaçu?

Nem mesmo o governador Ratinho Junior (PSD) tem sido tão incisivo na defesa das novas 15 praças de pedágio e da volta das 27 antigas. A RPC, contudo, parece ter assumido o manto do porta-voz, destacando o abandono das rodovias, mas poupando o atual mandatário. Essa aparente neutralidade esconde uma construção ideológica que, nas entrelinhas, incute nos motoristas a aceitação do pedágio como inevitável.

A ideologia, nesse contexto, é mais do que uma simples visão política. É uma narrativa habilmente tecida para representar a verdade de maneira distorcida. Ao compararmos as rodovias no Nordeste brasileiro, que estão bem conservadas sem cobrança de pedágio, surge uma interrogação crucial. Por que a necessidade de taxar os motoristas no Paraná, enquanto em outras regiões, as estradas são verdadeiros tapetes?

Um exemplo concreto dessa disparidade é o trecho Recife-João Pessoa-Natal, onde as rodovias, duplicadas ou simples, assemelham-se a verdadeiros tapetes. Sem a imposição do pedágio, os motoristas desfrutam de estradas de alta qualidade. Este contraponto lança luz sobre a questão: seria o pedágio no Paraná uma necessidade genuína ou uma estratégia para inflar os concessionárias e financiadores de campanhas políticas?

Diante desse cenário, surge a indagação sobre a verdadeira intenção da RPC. Estaria a emissora cumprindo seu papel jornalístico de informar, ou estaria, de fato, contribuindo para uma construção ideológica em favor do poder estadual?

O espectador merece mais do que reportagens que apenas arranham a superfície, pois a RPC/Globo é uma concessão pública e precisa cumprir uma função social – além de encher as burras com propaganda oficial.

Economia

É crucial desvendar os bastidores dessa narrativa para compreender a verdadeira dinâmica por trás da enfática defesa do pedágio.

Tribunal de Contas do Paraná mantém suspensão de licitações Milionárias do DER

Rodovias paranaenses estão danificadas pelas chuvas. Foto: DER-PR.
TCE-PR vê irregularidades nas licitações para manutenção das rodovias paranaenses. Foto: DER-PR.

O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) tomou uma decisão unânime que abalou os corredores do poder: a suspensão de três editais do Departamento de Estradas de Rodagens (DER) destinados a obras em rodovias do estado. O impacto financeiro? Mais de R$ 6 bilhões em contratos de serviços. Uma reviravolta que coloca em xeque o destino das estradas paranaenses.

Por unanimidade, os conselheiros, liderados pelo perspicaz Ivens Linhares, mantiveram a suspensão das licitações. Uma medida drástica, mas necessária, segundo o relator, diante de uma série de irregularidades identificadas nos processos licitatórios. A 5ª Inspetoria de Controle Externo da Corte de Contas solicitou a paralisação, e o TCE-PR atendeu prontamente.

O relatório apresenta um catálogo de irregularidades que ecoam nos corredores do poder. Entre elas, destacam-se a falta de detalhamento dos custos unitários em serviços de grande monta, a utilização de alíquotas do imposto sobre serviços acima das reais e preços de mão de obra inflacionados. Uma verdadeira dança das cadeiras com o dinheiro público em jogo.

O conselheiro Ivens Linhares não poupou críticas, apontando que a licitação exigia profissionais com custos mensais estratosféricos, indo além dos valores realistas identificados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT). A discrepância nos custos, especialmente nas categorias “encarregado de serviço” e “feitor”, levanta dúvidas sobre a efetiva necessidade para a execução das obras.

A inspeção do TCE-PR foi incisiva ao apontar que as irregularidades poderiam resultar em prejuízos consideráveis aos cofres públicos estaduais. Diante dessa ameaça iminente, a decisão de adiar a entrega das propostas e a abertura dos envelopes se tornou uma medida urgente e necessária.

Resta ao DER a possibilidade de recorrer da decisão do TCE-PR, mas a dúvida sobre o futuro dessas licitações paira no ar.

Em meio a cifras bilionárias e questionamentos sobre a transparência nos processos licitatórios, o Paraná assiste a um capítulo crucial em sua gestão rodoviária. Resta-nos aguardar os desdobramentos e torcer para que, no final, a justiça e a eficiência prevaleçam.

Uma resposta para “A estratégia [nada] sutil da RPC/Globo na defesa do pedágio no Paraná”

Deixe um comentário