- No começo de abril, Bolsonaro orientou senador a pedir impeachment de ministros do Supremo
O k-suco ferveu no Supremo Tribunal Federal. A Polícia Federal pediu autorização na corte para abrir inquérito e investigar supostos repasses ilegais ao ministro Dias Toffoli.
A PF de Bolsonaro formulou o pedido com base no acordo de colaboração premiada de Sérgio Cabral no âmbito da Lava Jato.
Cabral disse na delação que pagou R$ 4 milhões para que Toffoli favorecesse dois prefeitos fluminenses em processos no Tribunal Superior Eleitoral.
Toffoli foi ministro do TSE entre 2012 e 2016. Ele presidiu o tribunal eleitoral de maio de 2014 a maio de 2016.
No pedido ao STF, a PF alegou que os pagamentos teriam sido realizados nos anos de 2014 e 2015 e operacionalizados por Hudson Braga, ex-secretário de Obras do Rio de Janeiro.
Cabral disse que os valores teriam envolvido o escritório da mulher de Toffoli, a advogada Roberta Rangel.
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Toffoli vinha permanecendo mais discreto nas sessões do Supremo. No entanto, esse pedido de investigação da PF tem potencial incendiar as relações com o presidente Jair Bolsonaro.
O ministro Dias Toffoli jura que não sabe dos fatos imputado a ele e disse que jamais recebeu os supostos valores ilegais com vendas de sentenças, como delata o ex-governador do Rio, condenado a mais de 300 anos de prisão.
O pedido para investigar Toffoli tem como relator o ministro Edson Fachin, da cepa lavajatista, que encaminhou o processo para manifestação do procurador-geral Augusto Aras, da PGR (Procuradoria-Geral da República).
O Supremo deve se perguntar: a quem serve a PF e a quem beneficia o pedido, independente de ser aceito ou não.
Nos últimos meses, o presidente Jair Bolsonaro insinuou e pediu que se abrisse processo de impeachment contra ministros do STF.
“A gente tem que fazer do limão uma limonada. Por enquanto é um limão que está aí, dá pra ser limonada”, disse o mandatário no começo de abril durante conversa com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), orientando o parlamentar a colocar em pauta os pedidos de impedimento contra ministros do Supremo Tribunal Federal.
Politicamente, o STF onde passa um boi passa uma boiada.
Bolsonaro deve ter orientado a PF visando tirá-lo do foco na CPI da Covid no Senado, que investiga as ações e omissões do governo na pandemia que matou mais de 425 mil pessoas.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.