A CNN americana reverberou no Natal que enquanto brasileiros esperam pela vacina, Bolsonaro faz política –embora o país some mais de 190 mil mortes pelo coronavírus (covid-19).
O site da emissora nos EUA registra que muitos países estão tendo um pouco de esperança este mês ao vacinar os profissionais de saúde contra o coronavírus, mas o Brasil, segundo a CNN, parece preso no limbo, apesar de seu próprio programa nacional de vacinação alardeado.
“Em um presente de Natal antecipado para alguns, Chile e México começaram a imunização na quinta-feira após conceder a aprovação de emergência para a vacina Pfizer/BioNTech”, comparou. “Mas no Brasil, onde o número de mortes de Covid-19 é muito maior, a vacinação que salva vidas pode ficar fora de alcance por meses – o Ministério da Saúde do país anunciou na semana passada que as vacinações começariam em fevereiro de 2021.”
O próprio presidente Bolsonaro confirmou neste sábado (26), durante passeio em Brasília, que a vacinação só começará em fevereiro. inquirido sobre a demora do governo para imunizar os brasileiros, o mandatário disse que não está “nem aí” com os outros países que já estão vacinando. “Ninguém me pressiona para nada, eu não dou bola para isso”, declarou.
Carla Domingues, epidemiologista e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização do Brasil, disse à CNN que está “muito decepcionada” com o quão atrás o Brasil parece estar caindo na corrida para obter imunidade coletiva.
Como o Brasil tem um forte histórico de vacinação em todo o país, ela diz que havia uma expectativa generalizada de que os brasileiros teriam uma vantagem regional na batalha contra a pandemia.
“O Brasil sempre foi líder na implantação de novas vacinas. Conseguimos alcançar alta cobertura vacinal, mesmo sendo um país continental com regiões muito diferentes, como São Paulo com alta densidade populacional e Amazonas, com distâncias enormes, [e] uma população indígena”, disse ela.
A epidemiologista recordou que as pessoas esperavam que o programa de vacinação brasileiro começasse mais cedo, mas, lamentou ela, outros países das Américas que se prepararam já estão iniciando a vacinação, e o Brasil ficou para trás.
Todo dia o vírus se espalha sem controle no Brasil tem um custo letal. Mais de 190 mil pessoas foram mortas pela Covid-19 – o maior número de mortos relatado em todo o mundo, depois dos Estados Unidos. Mesmo assim, o presidente Jair Bolsonaro adivinhou publicamente a urgência da imunização, depreciando “a corrida por uma vacina”.
No total, o Brasil já perdeu 190.795 vidas para a Covid-19 e computou 7.465.806 casos de infecção.
Apesar de as evidências apontarem no sentido contrário, Bolsonaro disse que a pandemia está realmente chegando ao fim. “Mas a corrida pela vacina não se justifica porque você está brincando com a vida das pessoas”, afirmou.
Com mais de 7,4 milhões de pessoas diagnosticadas com Covid-19 no Brasil e novas variantes do vírus aparecendo no exterior, há poucos motivos para pensar que a pandemia está diminuindo – uma alegação que Bolsonaro fez várias vezes este ano, mesmo com os casos continuando a aumentar no país. Apenas os EUA e a Índia relataram mais infecções por coronavírus do que o Brasil.
O presidente brasileiro também ganhou as manchetes na semana passada com uma tentativa bizarra de semear dúvidas sobre os potenciais efeitos colaterais da vacina Pfizer. “Se você virar jacaré, o problema é seu”, alertou. “Se você se tornar o Superman, ou crescer a barba como mulher, ou a voz de um homem ficar fina, não tenho nada a ver com isso … ou pior, interferir no sistema imunológico das pessoas.”
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.