Garganta Profunda: Beto Richa, cuidado com as delações espontâneas!

collor_richa_impeachmentO principal informante do Blog do Esmael no terceiro andar do Palácio Iguaçu, que compreende o gabinete do governador Beto Richa (PSDB), neste domingo (17), foi acometido pela “compaixão” ao tucano encrencado com propinas que irrigaram sua reeleição com R$ 2 milhões vindos da Receita Estadual.

Garganta Profunda de Londrina, codinome do X-9 palaciano, explica as diferenças entre “delação premiada” — que faz sucesso na Operação Lava Jato, do juiz Sérgio Moro — e “delação espontânea”, aquela desinteressada, portanto, mais difícil de contestar…

“O governador Beto Richa precisa tomar cuidado”, recomenda o informante ao fazer um paralelo histórico do escândalo do tucano paranaense com aquele que derrubou Collor de Mello (um Fiat Elba), nos anos 1992, e o que defenestrou o então superministro da Fazenda, Antônio Palocci, a partir da delação do caseiro Francenildo Costa, nos anos 2006.

O medo do Palácio Iguaçu é com o “inesperado”, não com o que é previsível nessa usina de escândalos que envolvem sexo, droga e rock and roll.

Leia a íntegra de mais um relatório, com jeito de série “O melhor está por vir…”, de Garganta Profunda de Londrina:

Beto Richa, cuidado com as delações espontâneas

Economia

Há duas formas de delação no Brasil.

A primeira se tornou muito conhecida pelo escândalo da Petrobras. É a delação premiada, que foi de muita valia na Operação Mãos Limpas, na Itália.

Personagens como Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco se tornaram figurinhas carimbadas no noticiário nosso de todo dia. Graças aos depoimentos deles todos, a Operação Lava-Jato avançou muito e, pelas decisões judiciais do destemido Sergio Moro, meteu atrás das grades a nata dos empreiteiros nacionais.

Estes delatores eram bandidos, criminosos? Sim, eles próprios admitiram. Mas, sem o que revelaram, a verdade teria vindo à tona?

Há ainda um outro tipo de delação.

São aquelas feitas de forma espontânea, por gente de bem, por pessoas honestas que aparecem no momento da crise, quase que por acaso, mas que mudam o rumo da história.

Foi o caso do motorista Eriberto França e da secretária Sandra Oliveira, que deixaram o país de queixo caído quando contaram o que sabiam sobre o Fiat Elba e a Operação Uruguai, tornando insustentável a situação de Collor. O final todos já sabem. Foi também o caso do jardineiro Francenildo Costa, que mandou para o cadafalso Antonio Palocci.

Estes personagens surgiram do nada, sem ninguém esperar e surpreenderam os que faziam da mentira a última tábua para tentar se agarrar ao poder.

Em todas estas delações, premiadas ou espontâneas, o traço em comum é o esforço dos que ficam pelados com a mão no bolso em praça pública, em tentar desqualificar os delatores.

Revire a história e perceba o que acontece quando algum poderoso tem seus pecados revelados, de uma hora para a outra.

Beto Richa já negou parentesco e até mesmo proximidade com Luiz Abi Antoun e tentou desqualificar, o máximo que pode, o fotógrafo de beldades despidas, Marcelo “Tchelo” Caramori, esquecendo-se que o nomeou para um cargo DAS-5, disputadíssimo no governo. Este cargo tem o mesmo salário de um Chefe de Gabinete de secretário de Estado.

Tenta agora, a todo custo, jogar pedras e paus no auditor Luis Antonio de Souza, que entregou ao GAECO, com detalhes, como o propinoduto da Receita Estadual abastecia sua campanha de reeleição.

Fez isso postando vídeo no Facebook, gravado sob a orientação de caros marqueteiros e lendo um teleprompter. São desconhecidas as razões pelas quais Beto Richa gravou o vídeo na própria casa e não num estúdio. Alguns dizem que nem para cortar o cabelo ele tem saído. Pode estar aí a explicação.

Não se sabe também o que Beto Richa vai falar de Marcio de Albuquerque Lima, seu sócio de escuderia e nomeado Inspetor-Geral da Receita no seu governo, quando este abrir a boca. A bem da verdade, pelo que aconteceu na Receita Estadual, um bocão.

Essa prática de negar a verdade tem contaminado amigos próximos. A esposa de Alberto Abujamra, dono da poderosa DATAPROM (guarde estes nomes), disse ao ESTADÃO que Luiz Abi é “apenas um conhecido do casal”, por ter sido hóspede, algumas vezes, em hotel de propriedade da família.

O governador Beto Richa precisa tomar cuidado.

Daqui a pouco aparece do nada, um porteiro, uma camareira de hotel, um garçom de restaurante, um piloto de avião ou um ascensorista de elevador para contar toda a verdade, sobre todos os personagens.

Aliás, ascensorista acho que não. É que dizem que Luiz Abi Antoun sempre usou o elevador privativo do governador no Palácio Iguaçu. Neste elevador não tem ascensorista.

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